Porque nos viciamos na corrida?
Informaçao retirada de um post do facebook do VRL Veteranos da Carla Pereira
Como aqui escrevi há uns dias atrás, comecei a correr com alguma regularidade e para além do meu habitual esquema de treinos semanal, resolvi analisar algumas questões que se prendem com a actividade física. Trata-se de um resumo de informações recolhidas em alguns sites da especialidade, nomeadamente blogs, forúns, etc.
Começo estas pequenas análises por aquilo a que chamamos o vício de correr.
O que nos leva em dias de muito calor, frio ou chuva a sairmos de casa e a ir correr? Não é apenas a vontade de atingir metas de tempos ou provas, parece que há explicação química para a questão.
Os adeptos das actividades físicas conhecem bem a sensação de, a certa altura do exercício, ter o cansaço e a dor muscular substituídos por uma sensação de bem estar, uma mistura de euforia e prazer.
Conhecida por alguns como “runner’s high”, esta experiência, que pode proporcionar uma impressão de paz e tranquilidade, muito provavelmente tem ligação com a libertação de endorfina pelo sistema nervoso central.
Benefícios para o organismo
Descoberta nos anos 70, quando foram identificados cerca de 20 tipos diferentes de endorfinas, a substância ainda não foi suficientemente estudada.
“A endorfina é um assunto controverso por ainda causar muitas discussões e apresentar poucas provas científicas”, afirmam vários médicos.
Acredita-se, porém, que a endorfina traga uma série de benefícios ao organismo, ajudando a melhorar a memória e o estado de espírito, além de aliviar as dores e aumentar a resistência dos praticantes dos mais variados desportos. Parece ser tão benéfica à saúde que muitos médicos costumam receitar ginástica para quem sofre de depressão ou de insónias.
Efeito de curta duração
Para usufruir dos efeitos da endorfina, não é preciso matar-se a treinar. “Pedalar meia hora por dia já é suficiente para o indivíduo se sentir melhor”, explica Marco Aurélio Monteiro Peluso, médico-assistente do Grupo Interdisciplinar de Álcool e Drogas, do Instituto de Psiquiatria do Hospital das Clínicas de São Paulo (GREA).
“Agora, o que não se tem a certeza é se esta sensação de bem-estar está ligada à parte fisiológica – dos efeitos da endorfina -, à psicológica, à eficácia do exercício ou à interacção social”, diz. “O mais provável é que o bom humor que se sente logo após os exercícios físicos seja mesmo causado pela liberação da endorfina.”
Mas não dá para estabelecer o momento exacto em que acontece essa liberação muito menos a quantidade libertada, já que as substâncias que, como a endorfina, agem na corrente sanguínea, o fazem de maneira diferente em cada indivíduo.
Flutuações de glicemia, dor periférica e necessidade do ajuste do tonus muscular são algumas das consequências do stress físico que colaboram directamente para a libertação da endorfina. Segundo o mesmo médico, a duração dos efeitos é curta, de apenas alguns minutos.
Endorfina é uma droga?
Voltando ao começo deste texto, temos algumas descrições – “…bem-estar… mistura de euforia, prazer e satisfação… impressão de paz e tranquilidade…” – que em muito se assemelham a um relato sobre o uso de drogas. Não é coincidência. O Dr. Peluso define a endorfina como “uma droga opióide, ou seja, uma substância, sintética ou não, que age como o ópio, mas não deriva dele”.
“A semelhança com estas drogas, ela funciona como uma substância inibitória, que promove as sensações de calma, tranquilidade e relaxamento”, explica Dr. Peluso. Etimologicamente, a palavra é uma junção de “endo” e “morfina”. Vem daí a diferença fundamental entre a endorfina e as drogas cultivadas ou fabricadas pelo homem: ela é endógena, produzida pelo nosso próprio organismo, mais especificamente, dentro do sistema nervoso central de pessoas de todas as idades e ambos os sexos.
Endorfinomanos
Actividades físicas muito leves ou muito intensas não ajudam a melhorar o humor. “O ideal é a prática de uma actividade moderada e regular”, garante o Dr.. Peluso.
Isso significa que os chamados endorfinados, pessoas conhecidas por tornarem-se viciadas em actividades físicas com o intuito de sentir prazer, agem de forma errada e nada saudável.
Como ocorre na interrupção do uso de drogas por parte de um viciado, se um endorfinado parar de se exercitar pode sofrer a chamada crise de abstinência, em que a ausência da actividade física leva ao nervosismo e afecta o sono, entre outros sintomas.
E aí, cabe a pergunta: a endorfina causa dependência? Para uns, sim, já que a sua ausência pode causar crises entre os que estão acostumados; para outros, não, por ser produzida pelo próprio corpo e não causar lesões hepáticas ou cerebrais.
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