segunda-feira, 4 de abril de 2016

Fratura de fadiga no remador

O QUE SÃO AS FRATURAS DE FADIGA NO DESPORTO ?

 

As fraturas de fadiga são conhecidas já desde a antiguidade, com descrições precisas da sua presença nos soldados recrutas após marchas forçadas.


Actualmente e salvo raras excepções representam lesões resultantes do uso excessivo e inadequado, cada vez mais frequentes no meio desportivo (cerca de 5% das consultas em medicina do desporto), devido ao aumento da carga de trabalho imposta pela cada vez maior competitividade.


Envolvem grande número de atletas, sendo responsáveis por diminuição do rendimento desportivo e às vezes mesmo por situações de resolução difícil.


Sabe-se que microtraumatismos repetidos, um treino intenso e prolongado, uma retoma desportiva após paragem sem preparação adequada, o calçado inadequado (muito usado ou sem características específicas), o terreno impróprio (muito duro), ou mesmo certas doenças gerais, como o hiperparatiroidismo e osteoporose, ou ósseas ou hormonais, podem causar ou favorecer o seu aparecimento.


Com a solicitação exagerada do tecido ósseo verifica-se fragilização local do mesmo com o aparecimento de pequenas rupturas da cortical.


São fraturas ósseas completas ou incompletas que se encontram em osso normal, quando sujeito a grandes solicitações (quer a grande número, quer a grande carga), sem no entanto haver história de um traumatismo único de intensidade suficiente para produzir uma lesão semelhante.


Afectam sobretudo o adolescente e o adulto jovem, embora possam aparecer em qualquer idade, estando relacionadas directamente com a carga de treino ou competição e não têm predilecção por qualquer sexo (afectam de igual modo ambos os sexos).

  
A localização mais frequente é na tíbia (50%), nos metatársicos (10%); no escafóide társico (15%), no perónio (12%). 

Em menor e irregular percentagem, o fémur, as vértebras, a bacia, as costelas, a clavícula, o úmero, o cúbito, a rótula e mesmo os sesamóides.


QUAL A QUEIXA PRINCIPAL NUMA FRACTURA DE FADIGA ?


A característica clínica principal é centrada numa dor que surge com o movimento e desaparece com o repouso.


Normalmente é localizada fora das articulações (que estão normais), surgindo cerca de 15 dias após o aumento da carga de trabalho, de forma progressiva e dificultando ou impedindo mesmo a actividade desportiva habitual (por vezes, mesmo as actividades do dia-a-dia). 

Esta dor acompanha-se às vezes de sinais inflamatórios locais, com defesa à palpação e quando no membro inferior, motivando claudicação.


O diagnóstico é feito com base na clínica e também em alguns meios imagiológicos (radiografia, cintigrama, e RM). 

A radiografia faz o diagnóstico em 50% dos casos mas só é positivo a partir da 3ª/4ª semana. 

Por vezes são necessárias incidências complementares (oblíquas, axiais, tangenciais) e mesmo tomografias para poder mostrar uma solução de continuidade e até um calo ósseo exuberante. 

O cintigrama osteo-articular é muito sensível, sendo positivo logo nos primeiros dias, mas pouco específico, pois muitas outras situações podem dar imagens semelhantes. 

A Ressonância Magnética só excepcionalmente será usada e principalmente para diagnóstico diferencial com outras situações semelhantes.


QUAL O TRATAMENTO PARA AS FRATURAS DE FADIGA ?


Para a generalidade das fraturas de fadiga o tratamento consiste simplesmente na suspensão da actividade desportiva em associação a uma relativa diminuição da actividade em geral. 

Quando no membro inferior pode haver necessidade de descarga parcial para alivio da sintomatologia álgica ou excepcionalmente até mesmo de imobilização com aparelho gessado.

A dieta deve ser melhorada em termos do nível calórico, de proteínas, vitamina D e cálcio.


COMO SE PODE FAZER A PREVENÇÃO DAS FRATURAS DE FADIGA ?


A prevenção deve reger-se por uma alimentação cuidada de modo a não favorecer a obesidade e principalmente por uma progressão gradual e programada da actividade física.

Neste contexto a monitorização por parte do treinador, instrutor, professor de educação física, pais, é determinante.



A utilização da “regra dos dez”, que sugere que a intensidade e a duração de qualquer actividade física, não devam aumentar mais de 10% em cada semana, pode ser a orientação mais adequada, na prevenção destas fracturas.

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