quarta-feira, 12 de fevereiro de 2020

Um por todos, todos por um

O que o remo tem a ensinar para uma possivel gestao numa empresa?
Saiba o que aprendemos sobre gestão de pessoas ao analisar o Remo.
Responda rápido: se, por alguma magia qualquer, fosse convocado para montar uma equipa de remo com quatro atletas, o que escolheria? Um conjunto formado somente por campeões ou um conjunto composto por atletas medianos?
A resposta parece um tanto óbvia. Mas, se analisar com mais cuidado o que leva uma equipa de remo à vitória, vai constatar que não é tão simples assim. Diferente do que ocorre na maioria dos desportos coletivos – em que é possível que toda a equipa atue em função de um atleta "estrela" apenas – o remo é pura sincronização.
É um desporto em que a sinergia e o equilíbrio do equipa vêm antes do talento individual. Ou seja, respondendo à pergunta de antes, uma equipe de campeões olímpicos desincronizados pode ser batida por uma de atletas medianos – desde que estejam muito bem sincrozinados e treinados.
  • Como uma orquestra sinfônica
Quem endossa esta ideia é uma verdadeira autoridade no assunto: o construtor de barcos de remo olimpico George Pocock. No livro The Boys In The Boat, que conta a saga de remadores norte-americanos nos Jogos Olimpicos de 1936, na Alemanha Nazista, o autor Daniel James Brown relata o momento em que Pocock soprou os segredos do desporto no ouvido de Joe Rantz, um dos membros da equipa.
Associando o remo à música clássica, ele compara uma corrida “bem remada” a uma sinfonia e o atleta a apenas um dos músicos da orquestra. Ou seja, se qualquer outro componente estiver desafinado, toda a execução vai para o lixo. Mais importante do que o quão duro alguém rema, é o quanto a atuação desse alguém harmoniza com a dos outros colegas.
“Se tu não gostas de algum colega de barco”, Pocock diz a Joe, "deves aprender a gostar. Ele também tem que ganhar a regata, assim como tu”.
Se ainda estivesse vivo, Pocock certamente aprovaria outra analogia para o remo: a gestão de equipes numa empresa. Afinal, só por essa introdução já deve ter dado para perceber quantas semelhanças existem entre as duas práticas. E aproveitando que estamos em pleno clima olímpico, queremos compartilhar algumas aprendizagens importantes desta modalidade tão tradicional.
  • “Estou aqui para somar”
No remo, a máxima do estou aqui para somar é levada muito a sério. Cada um dos atletas de uma equipa deve ter plena consciência dos seus atos, entendendo que eles precisam se integrar totalmente aos esforços dos demais para que os objetivos sejam atingidos.
Retomando a hipótese do começo do texto: se a equipa for composta somente por atletas de ponta, mas um deles não estiver no mesmo compasso dos outros, o barco não sairá do lugar. Ele vai ficar girando eternamente. 
Ele só avançará se e quando todos os remadores estiverem na mesma frequência, sincronizados, atentos aos movimentos uns dos outros e realmente somando esforços.



O paralelo com a formação de uma equipa alinhada é imediato. E não só neste momento: como empreendedor, você deve priorizar a sintonia com os seus funcionários sempre.
  • “Remando juntos”
Colin Butterfield, presidente de uma gestora de propriedades rurais na América do Sul , conhece como poucos as afinidades entre o desporto e a gestão. Praticante profissional de remo por cinco anos, chegou mesmo a participar da seleçao de remo do seu pais.
Ainda que a carreira como gestor o tenha impedido de seguir competindo, Colin continua fascinado pelo universo do remo. “É um desporto que me encanta, porque tem uma filosofia sem igual”. Lembrando que a principal competição olímpica se dá com barcos de oito remadores – incluindo o timoneiro, que é quem dá o ritmo, ele também enfatiza a importância da sinergia e do trabalho em equipa.
“Podes colocar sete atletas olímpicos no barco. Se o oitavo não estiver em sincronia com os outros, se ele estiver um pouco fora de ritmo ou fora de foco, não tenhas a menor dúvida: vais chegar em último lugar numa competição”.
Segundo Colin, no remo – mais do que qualquer em outro desporto – não há espaço algum para heróis individuais. Ecoando o armador Pocock, dispara que “ou os oito ganham, ou os oito perdem”. Não há meio termo.
  • Todos literalmente no mesmo barco
A palavra-chave é cumplicidade – um ensinamento que Colin busca colocar em prática todos os dias na gestão corporativa. Quando há co-participação entre os componentes de uma equipa, quando os profissionais se respeitam e colocam os objetivos gerais à frente dos pessoais, o “efeito multiplicador” é absolutamente benéfico.



Segundo o gestor, a ausência de cumplicidade é recorrente nas empresas. “Todos estão preocupados com o próprio umbigo e com as agendas pessoais, que muita energia positiva acaba sendo retirada do negócio”.
Em suma: todos os profissionais da sua equipa precisam saber que estão no mesmo barco, remando em direção aos mesmos objetivos.
Por isso, na hora de formar o conjunto, a equipa, como técnico e timoneiro –deve dar preferência aos profissionais que entendem e praticam esta filosofia coletiva. E não àqueles que, embora donos de currículos impressionantes, só querem brilhar sozinhos.

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