quarta-feira, 5 de julho de 2017

O Desporto e o Desafio do Sentido... nem só no remo...




Achei interessante e faço a reproduçao deste texto do dr. Manuel Sérgio (Professor catedrático da Faculdade de Motricidade Humana e Provedor para a Ética no Desporto):

"O desporto de alta competição reproduz e multiplica, em demasia, as taras da sociedade de mercado onde nos movimentamos. Trata-se do espectáculo que maior magia desperta entre as multidões e, por isso, onde é mais evidente o niilismo da nossa pós-modernidade. E, porque vivemos em plena globalização, o facto de todos os Estados do planeta desenvolverem tendencialmente a mesma política desportiva. Simultaneamente, os jogos tradicionais populares são murados em espaços de desinteresse, em favor dos desportos com federações internacionais.

Qualquer espectador atento e receptivo concluirá assim, facilmente, que o desporto hodierno, fervilhante de símbolos, constitui uma forma de reprodução de um determinado tipo de sociedade. A mercantilização, a burocratização, o uso e o abuso da droga, a corrupção, etc. são provas evidentes que os conceitos fundadores da prática desportiva foram nitidamente postos de lado. É o Desporto uma instância autónoma? Só o é, relativamente. Por isso, a competição desportiva se confunde com a civilização consumista. E em que o desportista também é o hiperconsumidor.

Como num livro, velho de quarenta e dois anos, Signification du Sport, já o assinalava Michel Bouet, o Desporto pode ser uma actividade saudável, que satisfaz as necessidades motoras do praticante; promove a realização pessoal, através da afirmação do eu; reveste, muitas vezes, o aspecto de compensação, face ao stress e ao labor monocórdico da vida profissional. Por outro lado, a necessidade de sentir-se em grupo; o interesse pela competição-diálogo e não da competição hostil; o desejo de vencer e de ser campeão, não tanto porque se ganhou, mas porque se é um “ganhador”; a combatividade que transmite a vontade de vencer... desportivamente, ou seja, com dignidade; o amor pela natureza, bem visível nos desportos ao ar livre; o gosto pelo risco e uma irresistível atracção pela aventura – constituem características do homem (e da mulher) que podemos designar como desportista, ou então os pontos centrais da motivação do Desporto. 


Trata-se, de facto, o Desporto de uma acção, simultaneamente lúdico-agonística, institucionalizada e universal, onde se verifica uma incessante procura de superação sobre os outros e sobre nós próprios, na forma, como já vimos acima, de competição-diálogo e sem qualquer agonismo bélico. Os benefícios de ordem física, biológica e antropossociológica, que do Desporto podem resultar, são incontáveis.

Iniciámos o século XXI, o século do Desporto. Não é de espantar, portanto, que as suas virtualidades tenham chegado, com assombrosa rapidez, ao conhecimento dos nossos contemporâneos.

Mas... qual o sentido do Desporto? Tenho para mim, depois das modestas investigações que tenho realizado, ao nível da motricidade humana, que o sentido do Desporto é a transcendência, é a liberdade que procura o absoluto. Não há nele tão-só a continuidade temporal do “mundo da vida”, mas também a descontinuidade dos instantes criativos.

Praticar o Desporto tem um sentido: procurar a transcendência, através da motricidade humana (ocorre-me, neste passo, a expressão de Fernando Pessoa: “e Deus, a grande Ogiva, ao fim de tudo”). Por isso, as competições e os treinos exalam significação, aquela que resulta de um ser humano que deseja superar e superar-se, em equipa (em grupo, em comunidade) e jogando com e não contra.

Encontrar-se-á o Desporto compreendido nas categorias de futuro, de utopia, de esperança e de possível? O desportista vive, de facto, de modo próprio: ele recusa qualquer atitude resignatária, qualquer consentimento conformista, dado que se encontra em permanente movimento intencional, em direcção ao mais-ser. E, por consequência, visando a plenitude, tanto do ponto de vista ético, estético, político e gnosiológico, como ao nível da condição física, da saúde e das qualidades motoras. Costuma afirmar-se, por vezes com alguma ligeireza, que o Desporto dá saúde. Dá, de facto, quando não são evidentes, no mesmo todo social, os mecanismos económicos da exclusão e da desigualdade. 


O corpo não pode percepcionar-se como simples máquina. É o corpo-sujeito a que me refiro, que é também um sistema coerente de sentimentos vividos. A saúde tem a ver com o todo, donde emerge, igualmente, a justiça social. O pensamento europeu das Luzes fez sua a “consciência enquanto tal” kantiana, como sujeito transcendental da verdade objectiva. Foi à luz do racionalismo que o desporto nasceu. Ora, no racionalismo, as ciências naturais não problematizam a intersubjectividade em que se desenvolve a investigação e a institucionalização dos saberes.

O treino clássico, ou analítico, não tinha em conta a dualidade compreender-explicar, ou melhor, sabia o que se explica, ignorava o que se compreende. A linguagem do desporto é específica e tem uma semântica autónoma. A ideia de que um gesto desportivo só consegue uma compreensão interessante, quando o gesto desportivo é subsumível a leis gerais, está ultrapassado. No gesto desportivo, está cada um dos praticantes que nem sempre cabem, na universalidade das leis do treino.

O desporto rompe o hermetismo da causalidade científica, porque a interpretação, nele, não é apenas um conhecimento conceptual, mas experimental. No desporto, não pode falar-se de uma objectividade que não inclua a subjectividade do praticante. No trânsito de um desporto, encerrado nos quadros do sociologismo, do pedagogismo e do biologismo, para uma fundamentação existencial-ontológica, onde o sentido é um elemento fáctico, está a revolução a iniciar no treino desportivo e na pedagogia do desporto. 


Partindo da expressão conhecidíssima de Gadamer “o ser que pode ser compreendido é linguagem”, a qual retoma a ideia de Heidegger, conhecidíssima também, da “linguagem como casa do ser”, a motricidade humana não pode fundar-se a partir de uma teoria que desconhece a prática.

No desporto, como movimento intencional, há, acima do mais, sentido. A promoção desportiva, decorrente da escola e do movimento associativo; a orientação desportiva como expressão corporal de um povo de sólida cultura, que dá ao desporto o que destina aos outros saberes; a selecção desportiva, como expressão do desenvolvimento estrutural de um país – no desporto, na sua globalidade, há que encontrar o sentido que o niilismo neoliberal não se mostra capaz de personificar.

A lei do mercado pode aplicar-se ao desporto, mas não é desporto. Do devir histórico emergem, agora, novas modalidades, como o skate, o skateboard, o surf, o parapente, o windsurf, o rafting, o skate-snow, a asa delta, etc., etc. Para que elas representem progresso social, a economia é necessária, mas não chega... 


Para ter sentido, o desporto tem de ser sinónimo de subversão, ou de contra-poder, de contra-cultura? “À medida que a ordem do mercado invade os hábitos quotidianos, as censuras e o descontentamento multiplicam-se e todos criticamos, mais ou menos, um mundo que, no fundo, ninguém quereria muito diferente. É, com efeito, a sociedade unidimensional (Marcuse) que triunfa” (Gilles Lipovetsky, A Felicidade Paradoxal – ensaio sobre a sociedade do hiperconsumo, Edições 70, Lisboa, 2009, p. 117).

Todos ansiamos por superar o vazio fundamental da vida, mas aceitamos o hiperconsumo que nos alimenta e adormece. “A definição de Rousseau da humanidade do homem, na sua específica diferença do animal, conduz a uma recusa, quer do materialismo histórico, quer do biológico: por essência, o humano está em excesso, em relação aos dois grandes códigos, nos quais o historicismo e o biologismo o queriam encerrar. 


Aqui, ele aparece no sentido em que Sartre e Heidegger retomarão a expressão, como um ser de projecto ou de transcendência” (Luc Ferry e Jean-Didier Vincent, O que é o Homem?, Edições ASA, Porto, 2003, p. 39). Liberto de toda a imprevisibilidade; vivendo em estado de imanência total, no contexto de um mundo sem significado religioso; chegando com rapidez meteórica ao mundo todo, através da computação, da miniaturização, da digitalização, das comunicações por satélite, das fibras ópticas, da Internet e enfim, através das tecnologias de informação e comunicação; sentindo-se feliz como homem-massa – o ser humano não dispensa a transcendência, a superação, categorias eminentemente desportivas. 


Quem faz desporto não é um profissional do optimismo, procura-o! Será a vontade de transcendência o grande exemplo do desportista ao mundo hodierno? Será ele a ensinar-nos a superar o vazio fundamental da vida?

A ciência da motricidade humana (CMH) nasce de um corte epistemológico, no seio da Educação Física, que tinha preservado anos a fio, inalteráveis, as conclusões do “erro de Descartes”. Com Bachelard, Althusser e o brasileiro Hilton Japiassú (designadamente no seu livro Introdução ao Pensamento Epistemológico) eu aprendera que todo o saber científico é precedido de um pré-saber, constituído por “opiniões primeiras”, que comportam obstáculos epistemológicos, os quais, para serem superados, exigem rupturas epistemológicas. Há negações que são a única maneira de o conhecimento não se negar. Como fazia (e faço) da epistemologia uma polémica contra o que se me afigura como erro, entrei de polemizar contra o mecanicismo cartesiano da educação física, visando superá-la, com uma nova ciência humana (a CMH). Demais, a mecânica quântica já arrasara o mecanicismo, para instaurar, no seu lugar, o pensamento complexo (cfr. B. d’Espagnat, Olhares sobre a matéria, Instituto Piaget, Lisboa, 1994). “Vários físicos reconhecem que o estudo sistemático dos sistemas complexos, sendo relativamente recente, representará uma terceira revolução da física, depois da primeira (com Galileu e Newton) e da segunda com a Teoria da Relatividade e a Mecânica Quântica” (Maria Manuel Araújo Jorge, “Descartes e a Epistemologia Contemporânea”, in AA. VV., Descartes – reflexão sobre a modernidade, Fundação Eng. António de Almeida, Porto, 1999, p. 281).
No desporto, o ser humano não é um conceito, é a complexidade humana como sujeito da história, através da transcendência do que se é fisica, psicologica, social, moralmente. A transcendência, o sentido do desporto (e da vida)...!! "


Alguns hábitos para nunca deixar de treinar


Por definição, hábito é qualquer comportamento repetido regularmente, que requer um pequeno ou nenhum raciocínio. 

Algo como escovar os dentes toda as manhãs ou ver televisão antes de dormir. 

Bom, esse são hábitos do nosso dia a dia, possivelmente adquiridos na infância e que são quase tão automáticos que nem percebemos que os praticamos como .... hábitos.

Mas, e se praticar atividade física fosse algo como tomar café todas as manhãs? 

E se treinar se tornasse um hábito na sua vida? Impossível? Claro que não! 

Existem pequenas mudanças que pode fazer no seu dia a dia para não parar de treinar nunca mais. 

É claro, que elas exigem esforço, dedicação e força de vontade. Mas, será que não vale a pena adaptar um pouquinho a rotina para ter mais saúde e boa forma? 

O grande problema dos hábitos é que, para o bem ou para o mal, eles são difíceis de mudar. Roer as unhas, fumar ou comer doces todos os dias soa familiar, creio eu. São coisinhas aparentemente pequenas, mas que podem causar um estrago muito grande.
Por serem tão arraigados na sua vida, os hábitos são difíceis de serem mudados. 

Dai que adquirir novos e bons hábitos não é nenhum bicho de sete cabeças. 

A equação é simples, para acabar com um mau hábito é preciso substituí-lo por algo positivo. Óbvio que o processo leva tempo.

Vendo entao o treino como um bom hábito: analisemos a “recompensa” que aquele hábito ou a falta dele proporciona. 

Parece que o cérebro trabalha melhor com especificação.

O segredo do hábito é a repetição. Para não parar de treinar precisamos de transformar a ida ao ginásio / clube numa atividade diária

Repetição com alta frequência traz muito mais resultados do que ações esporádicas.

Outra boa estratégia é contar com uma rede apoio. Um grupo que comparta as mesmas atividades fisicas. 


Hora de definir metas
A melhor maneira de mudar antigos hábitos ou criar novos é estabelecendo metas. Definir objetivos claros e específicos facilita e muito o seu trabalho.

Uma meta específica
A sua meta deve ser a mais detalhada e específica possível. Nada de criar metas “abertas” como “emagrecer”, “dar mais duro” ou “me alimentar melhor”. Que tal substituí-las por algo como “perder 6 quilos em 3 meses”, “exercitar-me no mínimo 3 vezes na semana e por 1 hora” ou “comer no mínimo 3 frutas por dia e eliminar fritos”?

Uma meta mensurável

Como irá medir os resultados dos seus esforços, se a sua meta não for mensurável? Estabeleça exatamente o que pretende com o seu objetivo e como poderá medir os resultados.

Uma meta atingível

Obviamente metas devem ser atingíveis. Metas impossíveis de serem alcançadas nem devem ser criadas, elas só geram frustração.

Uma meta relevante

Uma meta deve ser relevante e impactar diretamente a sua vida e o seu dia a dia. Pense nisso antes de defini-las. No caso de metas relacionadas a perder peso, por exemplo, lembre-se que mais do que o resultado no espelho, uma vida mais saudável, seja pela prática de atividade física ou pela alimentação balanceada vão proporcionar uma vida com mais saúde.

Uma meta temporal

Prazos são importantes no trabalho e na definição de metas. Dizer simplesmente que quer emagrecer ou ganhar massa magra e não pré-determinar um prazo para atingir os seus objetivos não te dá uma noção exata de como chegar lá. Estabeleça prazos (viáveis) e vá atrás do que deseja. 

Motivação é a palavra-chave
Hora de pôr a mão na massa, ou no caso, o corpo em atividade. Afinal, o que quer saber mesmo é como manter a motivação e não parar de treinar? Não importa se está viajando, cansado, se é verão ou inverno. 

Bom, se a sua meta é treinar 365 dias do ano (ou quase isso) tudo o que precisa é fazer disso, um hábito

Assim busque treinar o máximo que puder durante a semana. Se praticar exercícios fizer parte da sua rotina diária, como escovar os dentes ou pentear o cabelo, vai descobrir que ir à academia vai se tornar muito menos uma ‘obrigação” e muito mais um prazer.

Se é daqueles que diz “não tenho tempo”. Crie! Eu tenho certeza que consegue encaixar um tempinho no seu dia a dia para assistir tv (ou Netflix) e dar uma “vista d'olhos” nas redes sociais. 

Encare os exercícios como prioridade.
Determine horários fixos.
Escolher uma ou várias atividades que goste.
Registre sua evolução.
Mude os treinos regularmente.
Compartilhe suas metas.
Considere os seus gastos.

Encare o seu treino como um compromisso inadiável para toda a vida e não deixe que nada nem ninguém faça-o parar de treinar. 

Tudo teoria..... Mas com força de vontade, consegue-se.