quarta-feira, 25 de fevereiro de 2015

Oxford / Cambridge - "The Boat Race", a 11 de Abril de 2015

Oxford vence Cambridge na 160a. edição da regata mais tradicional do remo mundial

Dia 6 de Abril 2014 - Os melhores remadores de Oxford e Cambridge colocaram seus os seus oitos na água do Rio Tâmisa para mais uma edição da tradicional regata. 

Oxford era favorita pois ganhou 4 das últimas 6 provas disputadas. Logo nos primeiros cinco minutos de prova aconteceu um acidente que definiu o resultado. Os dois barcos chocaram e a equipa de Cambridge ficou prejudicada pois o sota-proa enforcou e quase foi atirado do barco. 
O momento em que o sota-proa de Cambridge enforca

O barco de Oxford cruzou a linha de chegada com uma vantagem de 11 barcos com o tempo de 18 minutos e 36 segundos na regata de 6,8 km, a maior diferença desde 1973.  No final da prova Cambridge fez uma reclamação formal mas não teve êxito. 

Com esta vitória, Oxford aproxima-se de Cambridge no total de vitórias. O placard ainda é favorável a Cambridge com 81 vitórias sobre 78 de Oxford.
O barco de Oxford rema tranquilo rumo a vitória

No próximo dia 11 de Abril, disputa-se a 161ª ediçao.

Veja o vídeo da prova do ano passado aqui.
Também mais alguma informaçao sobre outras ediçoes nesta compilaçao.

quinta-feira, 19 de fevereiro de 2015

Remo esloveno - Iztok Cop "pendura o finca-pés"

Na Eslovênia, Iztok Cop "pendura o finca-pés"


07-outubro-2012 - Depois de mais de 20 anos no topo da elite do remo internacional, Iztok Cop, o melhor remador esloveno de todos os tempos, comemorou a sua aposentadoria numa regata de exibição na capital eslovena, Ljubljana.

A carreira desse atleta impressiona. Ele começou a competir no remo internacional ainda como junior e conquistou o seu primeiro ouro no dois sem na sua primeira prova no mundial junior de 1989 disputado na Hungria.

Aos 19 anos ele já fazia parte da seleção nacional senior e no seu primeiro mundial ainda no dois sem e remando pela ex Iugoslavia, terminou em segundo. Ele recorda como um dos pontos altos da carreira: "Foi em Viena em 1991 e nós levamos a prata em um mundial aos 19 anos de idade".

No ano seguinte Cop remou nos jogos de Barcelona e conquistou a primeira medalha olímpica para um novo país chamado Eslovênia. Ele seguiu conquistando medalhas no dois sem nos dois anos seguintes. Em 1994 ele mudou para o skiff. O sucesso foi imediato com um bronze no mundial disputado nos EUA em Inadianapolis. Em 1995 ele conquistava o seu primeiro mundial (e o primeiro da Eslovênia). Depois ele entrou num período difícil. Ele terminou em quarto em dois mundiais e nos jogos olimpicos de Atlanta em 1996. Encontrar novamente o caminho do podio foi difícil. Isso aconteceu em 1999 após a formação da dupla com o jovem Luka Spik.

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Luka Spik e Isztok Cop comemoram o bronze no pódio do double em Londres 2012
Spik competiu pela primeira vez em uma olimpíada aos 17 anos! Na primeira vez que remaram juntos na 2a. etapa da Copa do Mundo de 1999 em Viena, Cop e Spik levaram o ouro no double. Em seguida levaram o titulo olímpico no double em Sydney 2000. Mais uma vez Cop conquistava a primeira medalha olímpica dourada  para o seu pais. Um fenômeno!

Depois Cop retornou ao skiff conquistando algumas pratas e um bronze no mundial de 2003. Para os jogos de Atenas em 2004 ele repetiu a dupla com Spik para conquistar a prata. Em Pequim 2008 a dupla conquistou o seu pior resultado em olimpiadas. O sexto lugar na final A. Aos 40 anos, Cop competiu em Londres 2012 pela ultima vez e subiu no podio para levar o bronze. Um duplo fenômeno!
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Iztok Cop com Juri Jaanson, Vaclav Chalupa e Davor Mizerit na sua regata de despedida em Bled no último dia 22 de setembro.
"Se aposentar com um bronze olímpico é demais!" Disse Cop. Ele confirmou em Londres que a decisão de se aposentar ja havia sido tomada há algum tempo: "Eu pensei muito sobre isso e a decisão foi tomada após o mundial em Bled no ano passado".

Para celebrar a carreira do maior atleta da independente Eslovênia um evento de exibição aconteceu na capital Ljubljana. Lá estavam os seus maiores rivais e melhores amigos do remo internacional. O norueguês Olaf Tufte, o tcheco Vaclav Chalupa, o estoniano Juuri Jaanson, o italiano Rossano Galtarossa e os alemães Marcel Hacker e Peter Hoelzenbein e, como não poderia deixar de ser, o seu parceiro dourado, Luka Spik.

Em eliminatórias de 200 mts o double de Cop e Skip chegou na final contra a dupla Tufte e Chalupa. A dupla eslovena levou a melhor.

Cop planeja permanecer envolvido com o remo. "Eu tenho algumas idéias de como desenvolver o remo no futuro". Ele tambem pretende continuar remando no futuro e quer formar uma confraria de remadores com os seus amigos. "Decidimos fazer isso durante a minha regata de despedida. Todos os anos acontecerá um evento no país de alguém. No ano que vem será em Praga. A "praia" do Vaclav".

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Iztok Cop saúda o publico em Londres 2012 
A palavra final desse artigo é do próprio Cop dando dicas para algum (ou alguma) jovem que pretenda comecar no remo. "É claro que eu recomendo a carreira mas vale ressaltar que  o trabalho duro, a disciplina e a determinacao sao fundamentais para o sucesso. O remo oferece algumas "vantagens" sobre outros esportes mais populares e mais rentáveis, financeiramente falando. Saudáveis relaçoes com os seus adversários, pouca possibilidade do atleta sofrer uma lesao e um ambiente praticamente livre de drogas".



quinta-feira, 5 de fevereiro de 2015

Tempos/ Marcas/ Recordes mundias no remo

A Matemática das melhores marcas



Voltando um pouco atrás, o ano de 2012 (ano de jogos olimpicos) foi coroado com sete melhores marcas mundiais, seis melhores marcas olímpicas e três melhores marcas do remo paralímpico. 

Em geral, nos anos olímpicos muitas marcas são batidas. 
É o momento onde os atletas alcançam o pico da forma no ciclo olímpico e o nível das competições chega no auge. Adicionemos a tudo isto um vento de ré e o cenário está pronto para a quebra maciça de melhores marcas.

O Dr. Valery Kleshnev, um cientista do remo e fundador da Biorow Ltd. (http://www.biorow.com/), fez uma extensa análise dos tempos obtidos nas regatas internacionais, pesquisando tendências do passado nas velocidades dos barcos e estimando a provável velocidade futura.

Depois de cada olimpíada, Kleshnev analisa a velocidade dos barcos e prediz a velocidade que esses mesmos barcos irão alcançar quatro anos depois nos jogos olimpicos seguintes.

Em 2012, seis das sete melhores marcas batidos foram conseguidas no mesmo dia, nas eliminatórias da segunda etapa da copa do mundo disputada em Lucerna na Suiça. 


O primeiro foi no quatro-sem masculino da seleção inglesa. O tempo de 5:37.86 foi quatro segundos mais rápido que a melhor marca anterior, estabelecida dez anos antes. Isso significa, segundo Kleshnev, que essa melhor marca no quatro prevalecerá até o ano de 2029.

No quadri scull a nova melhor marca foi estabelecida pela Rússia que bateu a marca da Croácia que havia sido estabelecida uma regata antes. O tempo do barco russo foi de 5:33.15.

quadri scull alemão feminino conseguiu a melhor marca baixando em um segundo e meio o tempo anterior que havia sido estabelecido há 16 anos.

O crescimento geral na velocidade do quadri scull masculino avaliada por Kleshnev foi de 1,84% por ano. 

Kleshnev apurou esse crescimento através do melhor tempo registrado (BTY em inglês, Best Time of the Year). Ele usou os tempos nos últimos 20 anos e a partir daí fez projeções de quando a melhor marca mundial seria batida. No caso do quadri scull masculino isso ocorrerá em 2019. No quadri scull feminino a velocidade está crescendo a uma taxa menor levando a uma previsão de possível queda da melhor marca para 2024.

A melhor marca no oito feminino foi quebrada pelos EUA. Os EUA quebraram a própria marca estabelecida em 2006. 

O novo tempo de 5:54.17 foi quase um segundo e meio mais rápido. No oito masculino o barco canadiano quebrou a marca anterior dos EUA de 2004 com o tempo de 5:19.35.

Kleshnev constatou um crescimento na velocidade de ambos os oitos, masculno e feminino, em mais de 1,5% por ano usando o BTY e ele prediz que esses tempos devem cair novamente dentro de quatro ou cinco anos.

A única melhor marca batida em 2012 na categoria peso ligeiro foi no double feminino. A Nova Zelândia bateu a marca anterior, que vigorou por seis anos, em menos de meio segundo, com um tempo de 6:49.43.

Kleshnev constatou que nos barcos peso ligeiro há uma tendência de um maior aumento nas velocidades. Ele mediu uma tendência de 1% a 2% por ano de aumento na velocidade dos barcos peso ligeiros contra 0,2% nos skiffs masculino e feminino e no dois sem feminino.

Kleshnev explica: “O tamanho médio da maioria da população em muitos dos países onde o remo é mais desenvolvido é mais próximo da categoria peso ligeiro. A percentagem de homens maiores que 1,90m e com mais de 90kg e mulheres maiores que 1,80m e 78kg não é significativa levando a um número pequeno de atletas com o biotipo ideal para este desporto. O que vemos hoje é que alguns países vencem nas categorias peso ligeiro e aberta, enquanto que os países menos desenvolvidos no remo não conseguem bons resultados em ambas”



Kleshnev prevê que os três eventos peso ligeiro terão suas melhores marcas atuais batidas nos próximos jogos do Rio em 2016.

Somente uma marca não foi batida naquele 25 de maio de 2012 em Lucerna. A melhor marca no dois-sem ficou para a tripulaçao de Eton Dorney nos jogos de Londres. 


Os neozelandeses baixaram a melhor marca anterior em seis segundos com o tempo de 6:08.50. Kleshnev credita essa espetacular marca à intensa rivalidade que surgiu nos últimos três anos entre a Inglaterra e a Nova Zelândia. 
“Essa rivalidade fez com que o tempo padrão nesse barco baixasse seis segundos em um espaço de tempo muito curto e essa melhor marca não deverá cair antes de 2024”, diz Kleshnev. Essa marca no dois-sem foi quebrada numa prova eliminatória e não havia nenhuma grande pressão sobre o barco neozelandês nos metros finais da prova. Outro fato curioso e atípico é que a guarnição kiwi foi a única a quebrar uma melhor marca naquele dia.


A dupla neozelandesa Hamish Bond e Eric Murray, os "intocáveis" no dois-sem masculino, baixaram a melhor marca em seis segundos e venceram tudo na escalada para Londres 2012, em 2014 seguiram para o dois-com masculino e foram igualmente campeoes do mundo.

Com as melhores marcas sendo batidas continuamente Kleshnev pensa no limite da velocidade dos barcos a remo. “Podemos especular sobre os limites das modalidades que possuem uma qualidade física dominante. Porém, o remo é muito complexo. Velocidade na ponta final, resistência no percurso, força no levantamento de pesos, coordenação na ginástica. Todos esses atributos são necessários no remo além da coordenação da equipa. Ademais, trata-se de um desporto muito técnico com um equipamento muito sofisticado. 



Apesar disso tudo, é possível melhorar os tempos com uma melhor combinação das qualidades para casar as especificidades do atleta. Por exemplo, se olharmos os vencedores em Londres 2012 vamos nos deparar com grandes atletas (skiff masculino) e atletas menores (double masculino), assim é necessário escolher entre distintas combinações de tamanho de remada, voga e aplicação de força”.

Em relação aos fatores que podem levar um barco a andar mais rápido, Kleshnev vê uma série deles: 

“O principal ponto é a disputa nas provas e isso não para de crescer. Os melhores países no remo estão conseguindo evoluir cada vez mais adotando os mais eficientes métodos na identificação de talentos. Treinando esses talentos e levando-os ao nível mais alto possível. O uso da ciência do desporto, gestao competente e dinheiro são muito importantes. Além disso, o equipamento pode ser melhorado e melhor adaptado às características do remador. Nós estamos trabalhando no desenvolvimento de equipamentos revolucionários que irão aumentar de forma significativa a velocidade dos barcos”.

Vale relembrar que o remo é o único desporto onde não se usa o termo “recorde mundial” e sim “melhores tempos mundiais”. Isso se deve ao fato do clima e da condição da regata influenciarem diretamente na performance sendo muito difícil criar um padrão de disputa nas distintas regatas. 


Von Werner Kollmann calcula que o vento contra ideal é de três a sete metros por segundo com a temperatura da água variando de 19 a 20 graus Celsius ou superior (Rudersport, Outubro 2006).

Em termos dos melhores tempos olímpicos ou paralímpicos que foram estabelecidos em 2012, a relevância é menor em relação à tendência pois os jogos olímpicos acontecem a cada quatro anos ficando assim mais limitada a possibilidade de estabelecer uma nova "melhor marca olímpica". 




Normalmente os tempos olímpicos são piores que os tempos nos mundiais que acontecem todo ano. 

No caso do remo paralímpico, como as provas de nível internacional começaram a ser disputadas há apenas dez anos e ocorreram mudanças nos tipos de barcos, a quantidade de dados acumulados para mostrar uma tendência ainda é relativamente restrita.

terça-feira, 3 de fevereiro de 2015

Andy Holmes - O homem que ajudou no renascimento do remo inglês


Heróis do Passado 

Andrew Holmes nasceu no oeste de Londres em 1959 e começou a remar na Latymer Upper School em Hammersmith. Um desportista por vocação, ele também jogava rugby com o então jovem Hugh Grant antes de se dedicar definitivamente ao remo. 

Ao terminar o segundo grau ele começou a  remar no Kingston Rowing Club ao mesmo tempo que realizava um curso de francês e, para se manter, fazia part-times em trabalhos braçais pesados. 

Como prova da sua força física e mental para melhorar ainda mais a sua forma física, durante essas tarefas braçais,  ele costumava carregar nas costas uma espécie de mochila com pesos. 

Em pouco tempo ele estava pronto para iniciar uma bem sucedida carreira internacional no desporto e mudou para o Leander Rowing Club para remar em tempo integral. 

Ele venceu a Thames Challenge Cup, um evento de oitos de clubes disputado na Henley Royal Regatta em 1979 e após dois anos estava remando em um quatro-com no mundial e sonhando em participar dos jogos olímpicos de 1984 em Los Angeles.

Aos 22 anos Holmes conquistou a primeira medalha olímpica dourada para a Inglaterra depois de um jejum de 36 anos! Foi no quatro-com em Los Angeles. O barco composto pelos hoje lendários remadores, Richard Budgett, Martin Cross, Steve Redgrave e o timoneiro Adrian Ellison, transformou o remo inglês ao longo da década de 80.

Em 1986, Holmes remou no dois sem com Steve Redgrave vencendo a Commonwealth e o Mundial. 

Apesar das conhecidas "zangas/disputas" entre os dois atletas fora da água a dupla possuía uma química explosiva dentro do barco. 

Em 1988 em Seul eles levaram o ouro no dois-sem e tentaram a difícil missão de conquistar um novo ouro dobrando no dois-com 50 minutos depois! Conseguiram a proeza de estar no pódio em terceiro, atrás dos irmãos italianos Abbagnale e dos alemães orientais. 

A "reforma" de Holmes das regatas é uma triste história. 

Redgrave não queria seguir com Holmes, ele não encontrou nenhum parceiro e decidiu abandonar o remo por longos 17 anos. Ele inclusive chegou a comprar uma casa em Banyoles na Espanha, local onde seriam disputadas as provas de remo nos Jogos de 1992, porém, sem conseguir patrocínio, foi obrigado a abandonar o projeto. 

Em seu livro “Olympic Obsession”, Martin Cross lembra de uma declaração de Holmes: “Não havia nada na minha casa que lembrasse o remo”. A filha de Holmes descobriu que ele tinha sido campeão olímpico depois que ela viu uma foto dele em um livro na escola. 


Holmes voltou ao mundo do remo em 2007 como treinador da equipe de elite feminina no Furnivall Rowing Club em Londres e também começou a remar no skiff participando da maratona de Boston – quase 50km. Em outubro de 2010 a notícia da sua morte em conseqüência de uma leptospirose chocou o mundo do remo.

A leptospirose é um doença rara que é transmitida pela urina dos animais. 

Os humanos contraem essa doença pela água contaminada que penetra através de feridas na pele, pelo nariz, boca, garganta e olhos. 

Durante a maratona de Boston, Holmes tinha muitas bolhas abertas nas mãos. Soube-se depois que ele se jogou na água. 

Os sintomas iniciais são parecidos aos da gripe e a doença ataca órgãos vitais e pode ser tratada com antibióticos no seu estágio inicial. Após o caso de Holmes a British Rowing emitiu um comunicado sugerindo que os remadores limpem as feridas nas mãos com sabonete anti-bacteriano, que evitem mergulhos na água, mantenham os punhos dos remos limpos e que sempre tomem banho após o contato com a água. 

“Andy” Holmes será sempre lembrado pelos seus familiares, colegas de escola e parceiros do remo como o atleta que ajudou Steve Redgrave a conquistar duas das suas cinco medalhas de ouro olímpicas, que conquistou o primeiro ouro olímpico para a Inglaterra depois de um longo jejum e que foi chave no processo de reconduzir a Inglaterra ao topo do remo mundial de alto nível. 


Holmes deixou quatro filhos do seu primeiro casamento com Pamela - Aimée, Camilla, Louis e Francesca e um bebê de um mês de vida – Parker -  do seu segundo casamento com Gabrielle.