quinta-feira, 14 de maio de 2015

Prevençao de lesoes no jovem remador

 
COMO PODE O INSTRUTOR DE REMO AJUDAR OS JOVENS ATLETAS A PREVENIREM AS LESÕES

prevenir lesões
 
É por todos nós reconhecido ser o desporto uma excelente forma de proporcionar aos jovens, para além de exercício físico regular, a aquisição de noções e hábitos importantes de espirito de equipa, ética e até de disciplina, que lhes ajudam a moldar o carácter.

É ainda sabido que os jovens, enquanto envolvidos com actividades desportivas, têm uma maior regularidade na presença e no rendimento escolar, são bastante mais aderentes e participativos em actividades de índole sociocomunitária, têm inserção e comportamentos sociais menos conflituosos (consumo de tabaco, álcool e drogas) e inclusivamente conseguem ter sucesso e desempenhos superiores nas suas actividades sociais e profissionais futuras.
 
É por isso que a generalidade das sociedades tem investido bastante na promoção do desporto para os jovens e a nossa não tem sido excepção.
No entanto para que os jovens remadores se mantenham com uma actividade desportiva regular, duradoura, produtiva e gratificante, necessitam ser convenientemente educados, informados e apoiados no sentido de prevenirem as lesões quer sejam as de carácter agudo, quer as de natureza de sobrecarga.
 
A realidade em Portugal tem vindo a mostrar que a morbilidade das lesões do desporto nos jovens, atinge níveis bastante preocupantes em todos os escalões etários e níveis sociais. As sequelas das lesões do desporto, para além de comprometerem a função aos jovens, penalizam severamente à escala nacional a nossa sociedade, não só pelas taxas significativas de ausência escolar, mas e também pelos encargos financeiros com o seu tratamento e suporte à distância, no âmbito da segurança social.
 
Para além disso, pelas consequências definitivas de alguns tipos de lesões, muitos jovens atletas vêem-se na necessidade de alterar definitivamente a orientação vocacional das suas carreiras profissionais.
 
Assim é determinante reverter com urgência esta situação e este é o grande desafio que se coloca na presente década aos treinadores, instrutores, professores e pais dos atletas.
 
PORQUE ACONTECEM AS LESÕES NOS JOVENS REMADORES?
 
A generalidade das lesões resulta fundamentalmente de desvios no morfotipo ou no desempenho biomecânico do jovem remador, de treinos incorrectos ou inadequados, de técnicas ou gestos técnicos insuficientemente preparados ou executados, de equipamento impróprio ou mal adaptado ao remador, de pistas de treino ou de prática desportiva demasiado agressivos ou mesmo impróprios para o remo.
A fadiga, a desidratação, a alimentação desequilibrada, a pressão do instrutor e a dos pais, a inadaptação aos colegas de equipa, a estabilidade emocional, são também factores desencadeantes quase sempre presentes, mas frequentemente negligenciados ou esquecidos.
Finalmente, o imprevisto é a principal causa das lesões agudas.
 
COMO SE PODEM ORIENTAR OS JOVENS REMADORES PARA QUE NÃO SOFRAM LESÕES?
 
O EXAME MÉDICO - A primeira atitude deve residir na indicação de efectivação do regular exame físico e médico, que deve ser levado a cabo sempre no início de cada época desportiva. Este exame permite identificar e assim prevenir ou mesmo tratar, os efeitos de quaisquer desvios morfológicos, funcionais ou outros.
 
O AQUECIMENTO - O ganho desde muito cedo pelo jovem remador, do hábito de efectuar um programa de aquecimento, imediatamente antes da prática de actividade desportiva, para além de adaptar a sua frequência cardíaca gradualmente, promove ainda um estiramento muscular fundamental e necessário à libertação da tensão, de todo o seu parelho locomotor.
 
O ARREFECIMENTO – A aprendizagem pelo remador desde muito cedo, da necessidade de efectuar um programa de arrefecimento logo após a realização da actividade desportiva, possibilita-lhe não só uma readaptação à sua normal frequência cardíaca de modo gradual, mas também lhe permite uma actividade complementar de re-estiramento muscular.
 
A TÉCNICA E O TREINO – A aprendizagem e a execução de determinada técnica ou gesto desportivo, deve ser permanentemente vigiada e controlada pelo instrutor. As regras e os procedimentos de treino individual ou colectivo, necessitam de ter uma aderência por parte do remador de modo livre e consciente.
 
Alguns jovens remadores necessitam de uma atenção adicional e o instrutor deve ter esse aspecto em constante consideração. Por outro lado, programas de treino individualistas não são saudáveis.
 
A REGRA DOS 10% - O instrutor ao aumentar a carga de treino, a distância a percorrer, ou o tempo de actividade física, deve respeitar sempre a norma de não ultrapassar os 10 % semanais, pois só assim dará oportunidade aos jovens organismos de se recomporem. É sabido que aumento de carga demasiado agressivo, desencadeia frequentemente lesões de sobrecarga.
 
O EQUIPAMENTO - O equipamento desportivo como o calção, a sapatilha, o remo, o slide, são também demasiadas vezes responsáveis pelas lesões de sobrecarga. A sua aquisição ou entrega deve ser levada a efeito por indicação do instrutor e regularmente o seu estado de conservação e adaptação ao atleta vigiado por este.
 
A HIDRATAÇÃO - A gestão da ingestão de líquidos e electrólitos é provavelmente o aspecto mais negligenciado pelo jovem remador e frequentemente pelo seu instrutor. Há um frequente desconhecimento de quando e como o remador deve efectuar a sua hidratação.
 
O instrutor deve ter um conhecimento adequado dos mecanismos da termoregulação, do nível de perdas líquidas pelo suor e do nível de absorção de líquidos pelo intestino. Um programa estruturado de hidratação para os períodos de treino, de prova e repouso, definido para cada atleta, é muito importante já que cada um tem as suas necessidades específicas e os seus orientadores devem regularmente apoiarem-se num dietista, nutricionista ou médico, para esse efeito.
 
A desidratação deve ser sempre muito preocupante para o remador e para o instrutor, quer pelos inerentes riscos cardiovasculares, quer pela perda de desempenho, quer ainda e também, por ser terreno favorecedor para o desenvolvimento de lesões.
 
FADIGA E REPOUSO - É importante o jovem remador “parar” com regularidade para aprender a conhecer o seu corpo, de modo a não ter a tentação de ultrapassar as suas capacidades morfo-funcionais. O estado de fadiga deve ser convenientemente identificado pelo instrutor, pois que nem todos os atletas têm a mesma resistência ao esforço e cada um tem a sua capacidade específica de recuperação.
 
É uma boa prática o jovem remador ao longo da época, suspender por três a quatro períodos de uma semana cada, o treino normal da sua modalidade e desenvolver actividade desportiva apenas enquadrada numa outra à sua escolha.
 
Este simples procedimento reduz significativamente as lesões de sobrecarga. Um treino “inteligente” deve ser desenhado unicamente para proporcionar ao remador um desempenho muscular adequado ao seu morfotipo e à sua modalidade.
 
COMO PODE O INSTRUTOR SABER QUE O REMADOR ESTÁ A “ CHOCAR “ UMA LESÃO ?
 
A maioria das crianças e dos jovens dão conta ao instrutor, quando se sentem limitados funcionalmente ou mesmo lesionados, mas alguns miúdos para poderem manter a actividade desportiva, escondem ou dissimulam essas situações e então é necessário que aqueles, tenham a noção e o mínimo conhecimento de como observar e avaliar alguns sinais indicadores de uma lesão de sobrecarga em instalação, ou até mesmo uma aguda já presente.
 
Assim importa estar atento a todos os sinais ou comportamentos tais como: se o jovem evita colocar carga no tornozelo, no pé, no joelho ou na anca, mesmo sem estar associado a tumefacção, esse pormenor deve alertar para um compromisso intra ou justa-articular; se o atleta evita colocar carga na totalidade num membro mesmo sem coxear, poderá ter subjacente um compromisso muscular, tendinoso ou até mesmo ósseo; se evita efectuar determinado movimento ou utilizar uma articulação em particular, muito provavelmente esta está afectada, ou uma das suas satélites ou o tendão de um musculo relacionado; se o jovem manifesta defesa ou mesmo dor numa articulação, esse aspecto deve ser valorizado a 100%; se apresenta irregularidade no sono, dor de cabeça, tonturas, irritabilidade fácil, durante ou no fim da prática desportiva, há a possibilidade de ter ocorrido recentemente uma concussão cerebral; se há um encurtamento do ciclo respiratório ou uma perturbação da respiração durante a actividade desportiva, é possível decorrer da fractura de fadiga de uma ou mais costelas; se manifesta um cansaço fácil no fim do treino ou da regata, poderá sofrer de irregular equilíbrio hidro-electrolítico; se mostra relutância na mobilidade lombar, com toda a certeza terá na sua génese uma instabilidade congénita.
 
O QUE DEVE FAZER O INSTRUTOR QUANDO DESCONFIA DE UMA LESÃO DESPORTIVA ?
 
Se um jovem remador manifesta algum compromisso funcional enquadrável na suspeição de uma lesão desportiva, a primeira atitude a ser tomada como norma, deve ser inequivocamente a de suspender imediatamente toda e qualquer actividade desportiva e avisar os pais desse facto e a de promover junto destes urgentemente, uma avaliação clínica por um especialista, como regra.
Para tal, um médico especialista em traumatologia do desporto será o profissional indicado, já que só ele tem a experiência adequada.
“ O diagnóstico precoce de uma lesão no desporto, é determinante para uma cura sem sequelas e uma recuperação de sucesso “.
 
 
“ QUEREMOS UM DESPORTO SEM LESÕES PARA OS NOSSOS JOVENS “

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