AS LESÕES NO REMO E A SUA PREVENÇÃO
O remo quer seja na modalidade de
skiff, shell ou double/quadri scull, é uma actividade desportiva
aquática com bastantes praticantes em Portugal, tanto com um compromisso
na alta competição, como com um envolvimento regular de simples lazer,
sendo neste contexto praticada por alguns milhares de adultos,
adolescentes e até já crianças.
O remo praticado individualmente ou em
equipa, permite melhorar significativamente a coordenação, o desempenho
físico e mesmo o equilíbrio emocional.
O remo é uma modalidade peculiar, já que
cada remador se posiciona no barco de costas para a proa, sentado num
carrinho deslizante que lhe vai permitindo o movimento alternado e
repetitivo de flexão/extensão das ancas, dos joelhos e do tornozelos,
pois que os pés são fixos para o efeito numa pedaleira, de modo a
permitirem desenvolver trabalho e o consequente deslocamento do barco,
que é obtido através da sequência das remadas. Essa sequência que se
inicia com a colocação do remo na água, necessita de movimentos de
extensão/flexão a nível dos punhos, aplicando-lhe depois o remador
força, primeiro com as pernas, depois com o tronco e por fim a nível dos
ombros, cotovelos e braços. Todos estes cíclicos movimentos de elevada
carga são potencialmente lesivos para os atletas.
QUAIS SÃO AS CAUSAS DAS LESÕES NO REMO?
A maior parte das lesões no remo, são
desencadeadas pela sobrecarga a vários níveis anatómicos, no decurso do
complexo gesto cíclico desenvolvido pelo remador.
Quaisquer alterações abruptas no nível, na frequência e na carga do treino, na sua técnica, ou no tipo do barco usado, pode contribuir para o seu estabelecimento.
A maior parte das lesões de sobrecarga centram-se e envolvem os punhos, os antebraços, a caixa toráxica, os joelhos e a coluna lombar.
Quaisquer alterações abruptas no nível, na frequência e na carga do treino, na sua técnica, ou no tipo do barco usado, pode contribuir para o seu estabelecimento.
A maior parte das lesões de sobrecarga centram-se e envolvem os punhos, os antebraços, a caixa toráxica, os joelhos e a coluna lombar.
QUAIS SÃO AS LESÕES MAIS FREQUENTES NO REMO?
A tenosinovite dos extensores dos dedos é
das lesões de sobrecarga mais frequentes na mão e no punho. Normalmente
surge no inicio da época de treinos, altura em que o tempo ainda está
muito frio e o gesto de colocação e de retirada do remo, pouco
recuperado. A dor, o inchaço e o ranger, a nível das bainhas desses
tendões são as queixas mais imediatas e a impossibilidade de remar a
consequência seguinte.
A sinovite traumática do punho, é outra das lesões que ocorrem no remador, frequentemente em associação com a anterior. A queixa inicial de defesa ou de dor, costuma centrar-se na face dorsal do punho e aumenta com o movimento de extensão da mão.
A fractura de fadiga de uma costela, é
outra das lesões mais frequentes, com uma incidência de 10%. Normalmente
a localização da fractura é na zona do terço médio/ posterior do arco
costal. Surge com mais frequência durante os períodos de treino
intensivo, no inverno ou na primavera, quando o remador despende grande
actividade de trabalho sobretudo no ergometro. Esta lesão tipicamente
apresenta-se associada a uma dor muito incomodativa na parede toráxica,
que se agrava com a inspiração profunda, a tosse, a mudança de posição,
mesmo na cama. Só quando se encontra praticamente consolidada é que é
visível num estudo radiológico. Nas fases iniciais a cintigrafia óssea é
o único exame que possibilita o seu diagnóstico.
A lombalgia, em termos de frequência é a
segunda situação lesional de sobrecarga que se apresenta no remador. A
lombalgia de causa muscular, habitualmente surge na sequência da prática
agressiva do levantamento de pesos para melhoria de desempenho dos
músculos para-vertebrais e abdominais ou após períodos de treino
excessivo no ergometro. A rigidez da região lombar com limitação da
flexão e da rotação é o sintoma inicial, em associação a dor difusa
transversal ou mesmo a pontada intensa.
Já na lombalgia decorrente de lesão do último disco lombar, frequente no remador, pode associar-se irradiação da dor para as nádegas ou mesmo para as coxas.
Com frequência provoca largos períodos de perda de actividade desportiva.
No joelho, o sindroma de atrito da faixa ilio-tibial é também muito frequente no remador e caracteriza-se no inicio, pelo aparecimento de desconforto e defesa e posteriormente por uma dor de instalação progressiva, na face externa e na sequencia dos movimentos de flexão/extensão. A doença da cartilagem do compartimento femuro-rotuliano, é outro dos sofrimentos muito experimentados pelos remadores, assim como a sinovite que com frequência se lhe associa.
COMO SE TRATAM AS LESÕES DO REMO?
As raras lesões agudas, pela sua
inerente gravidade e pela instantânea impotência funcional que provocam,
necessitam de urgente tratamento médico especializado. No entanto um
suporte adequado desde o inicio, até a uma oportuna orientação clínica,
deverá ser proporcionado pelo treinador, ou até mesmo por um outro
atleta, com uma estabilização efectiva da área comprometida o melhor
possível, pelo que nas lesões num membro inferior, o contra-lateral
deverá ser utilizado como elemento passivo de suporte estabilizador e
num membro superior, o contra-lateral como elemento activo de
estabilização, bem como de imobilização temporária, independentemente de
quaisquer outros procedimentos adicionais.
Algumas das lesões traumáticas agudas apenas necessitam de tratamento conservador, mas outras requerem tratamento cirúrgico em regime de urgência.
Quanto às lesões de sobrecarga, estas
devem ser sempre orientadas por um médico especialista, mas é importante
que o remador tenha a noção, de que para as solucionar adequadamente, a
regra base deverá ser sempre e imediatamente após o seu aparecimento e
dos seus primeiros sinais clínicos: a redução imediata na intensidade,
na duração e na frequência ou até mesmo a paragem da actividade de
treino ou de regatas. Na sequência destes procedimentos, deverão ser
revistas as normas e as técnicas de treino com o treinador e os pais no
caso dos jovens, devem inteirarem-se de todo esse envolvimento.
COMO PODEMOS PREVENIR AS LESÕES NO REMO?
A prevenção das lesões agudas deve
centrar-se no respeito pelas regras particulares da modalidade durante o
treino e até no fair-play com os adversários, mas também e sempre, num
adequado aquecimento e bem assim arrefecimento. Um programa regular de
estiramento musculo-tendinoso para os membros inferiores e para a coluna
vertebral, pode reduzir com significado situações de cãibra, contratura
ou até de rotura muscular. Nas mãos, a infecção de calosidades,
situação tão frequente, deve ser de permanente preocupação.
A prevenção das lesões de sobrecarga,
deve fundamentar-se obviamente na adaptação adequada do atleta a esta
modalidade. Esta deve ser sempre a primeira preocupação a ter em conta,
não só para conseguir um bom desempenho, mas também para prevenir as
lesões mais frequentes. A prevenção destas lesões terá pois que
apoiar-se num programa de treino adequado e no bom senso do atleta e do
seu treinador, no desenvolvimento do mesmo. A pressão deste no sentido
do treino excessivo, terá que ser anulada. Nesse sentido um treino
“inteligente” e uma preparação física adequada, para uma melhoria do
fortalecimento e desempenho musculares, da flexibilidade e da
proprioceptividade, deverá centrar-se num compromisso regular.
Na mão e no punho, é importante manter
estas áreas bem resguardadas do frio e humidade, com uso de roupa de
protecção para o efeito, especialmente na época fria, para prevenir as
tenosinovites.
A nível do tórax a prevenção das fracturas de fadiga deverá ter em atenção um cuidado programa de exercícios de alongamento da coluna toráxica, bem como regular actividade de exercícios cinéticos de índole respiratória. O treino em ergometro não deve ultrapassar os 30 minutos consecutivos, em especial nos jovens e adolescentes.
A nível do tórax a prevenção das fracturas de fadiga deverá ter em atenção um cuidado programa de exercícios de alongamento da coluna toráxica, bem como regular actividade de exercícios cinéticos de índole respiratória. O treino em ergometro não deve ultrapassar os 30 minutos consecutivos, em especial nos jovens e adolescentes.
As inúmeras situações de lombalgia,
podem prevenir-se com recurso a um programa diário de alongamento para
aquisição de flexibilidade. O treino muscular para-vertebral e
abdominal, tem que ser adequadamente monitorizado pelo treinador ou pelo
preparador físico. Nos adolescentes, os pais devem regularmente vigiar
as sessões deste tipo de treino, mesmo porque com frequência é levado a
efeito no domicílio.
O adequado balanço hidro-electrolítico,
apoiado num programa estruturado de hidratação para os períodos de
treino, de prova e repouso, é relevante para ajudar a reduzir o risco de
estabelecimento de lesões de sobrecarga.
Finalmente lembramos os jovens atletas,
de que sempre que surgirem sinais de alarme sinalizadores de uma
eventual lesão, a suspensão imediata da actividade deverá ser a norma e a
avaliação por um especialista a regra.
Retirado de : Movimento Nacional de Prevençao das Lesoes no Desporto
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