segunda-feira, 8 de dezembro de 2014

Qual o desporto que requer a maior capacidade cardiovascular?

Capacidade cardiovascular - remo


“O paradoxo de remar é que, no mais desgastante dos desportos, a boa performance depende muito do lado psicológico. Quanto mais você cresce no esporte mais importante se torna a fortaleza mental. Os remadores tem que enfrentar as consequências cruéis de começar uma prova de 2000 mts com um sprint – uma estratégia de prova que nenhum corredor, nadador, ciclista ou esquiador cross-country utiliza em uma prova de meia distância. Já que os remadores remam com as costas voltadas para a linha de chegada, a vantagem psicológica de estar na frente – onde você pode ver os seus adversários mas eles não podem ver você – é maior do que a desvantagem psicológica de “morrer” logo no início da prova.
Se você ficar atrás, algo como uma “disritmia” pode acontecer. O efeito cumulativo do desanimo do grupo pode tornar os remadores individualmente menos inspirados. É por isso que todas as equipas de remo numa disputa remam as primeiras 20 ou 30 remadas em torno de 44 remadas por minuto (o que é algo cavalar) para depois reduzir o ritmo de remadas para 37 remadas por minuto no meio da prova.

Como resultado desse choque no sistema, o metabolismo do remador começa a funcionar anaerobicamente nos primeiros segundos da prova. Isso significa que as mitocôndrias nas células dos músculos não possuem oxigênio suficiente para produzir ATP, que é a fonte de energia, e começam a usar glicogênio e outros compostos armazenados nos músculos. Eles começam a se alimentar de si mesmos. Esses compostos produzem ácido lático que é uma fonte de muita dor. 

Nesse ambiente tóxico, os capilares começam a dilatar nos músculos que estão trabalhando duro. Os músculos que não estão trabalhando tão duro entram em um estado de isquemia, o sangue circula parcialmente. O nível de ácido lático no sangue continua subindo. Mike Shannon, um fisiologista do esporte que trabalha em um novo centro olímpico, perto de San Diego, afirma que os níveis mais altos de ácido lático, medidos em partes por milhão na corrente sanguínea, foram encontrados no sangue de remadores. Algo em torno de 30 partes por milhão. “Isso é uma tremenda dose de dor”, confirma Mike.

Os corredores de maratona falam em “bater no muro” na altura do quilometro trinta. O que os remadores encontram não é um muro. É um buraco, um abismo de dor que se abre no segundo minuto da prova. Grandes agulhas sendo enfiadas nos músculos da sua coxa, enquanto o antebraço parece que vai explodir. Depois, a dor fica confusa e caótica. Não como a dor do corredor ou da perna do ciclista, mas uma dor em todo o corpo, um dissabor selvagem. Quando você supera a boia dos 500 mts com ¾ da prova ainda por remar, você se dá conta, com pavor, que você não vai conseguir chegar até o final. Mas, ao mesmo tempo, a ideia de deixar os seus parceiros na mão sem dar tudo na raia é inconcebível.

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