segunda-feira, 21 de março de 2016

Prevençao das lesoes de sobrecarga no remo


PREVENÇÃO DAS LESÕES DE SOBRECARGA NO REMO









O corpo humano tem uma enorme capacidade em se adaptar às constantes variações da carga física, quer esta seja decorrente da normal actividade física ou do exercício físico desportivo e necessita dela para benefício estrutural e funcional dos seus ossos, músculos, tendões e estruturas tendinosas.

Estas estruturas quando sujeitas à carga passam por um processo designado de remodelação. Nesta há uma fase de fadiga tecidular e outra de recuperação daquela. Entre elas há um constante equilíbrio no sentido da recuperação, mas se a primeira predominar sobre a segunda desencadeia-se uma lesão de sobrecarga.

PORQUE ACONTECEM AS LESÕES DE SOBRECARGA ?

As lesões de sobrecarga resultam assim e fundamentalmente, de microtraumatismos de repetição sobre os tendões, os músculos, os ossos e as articulações.

remoEstas são as lesões mais frequentes no desporto. Têm um processo de instalação muito subtil, evoluem lentamente no tempo e não permitem frequentemente estabelecer o seu diagnóstico com facilidade. Também nem sempre possibilitam uma resposta terapêutica com efectividade acelerada.

Exemplos destas lesões são, a tenovaginite de DeQuervain, a epicondilite, a tendinose do rotuliano, as tenovaginites do tibial anterior, dos peroniais, do Aquiles e dos isquio-tibiais, a doença da cartilagem da rótula, as fracturas de fadiga no pé e na tíbia, o sindroma compartimental da perna, a pubalgia e a isquialgia, etc.

QUE CAUSAS ESTÃO POR DETRÁS DAS LESÕES DE SOBRECARGA ?

O morfotipo é dos factores mais importantes. Muitos atletas estão mais expostos, por apresentarem alterações no alinhamento da coluna vertebral, dos joelhos e das pernas, bem como diferenças no comprimento dos membros inferiores e alterações da morfologia da bacia, das coxas e dos pés.


Os erros no treino são também causas muito frequentes. De entre estes saliente-se a irregular ou excessiva aceleração, intensidade, duração e frequência da actividade de treino. 

O gesto técnico inadequado na dependência quer do atleta, quer do seu treinador, ou mesmo de ambos, é definitivamente também uma das mais importantes e frequentes causas.


O equipamento desportivo como o calção, a sapatilha ou a bota de futebol, os instrumentos para a prática desportiva como a raquete, a bicicleta, a bola, o remo, o taco, o esqui ou o patim, são também demasiadas vezes responsáveis pelas lesões de sobrecarga.

A precocidade de retoma de treino após uma lesão e a agressividade desse mesmo treino, tendente a recuperar o mesmo nível, é outra das causas muito constantes.

COMO SE DIAGNOSTICAM AS LESÕES DE SOBRECARGA ?

O diagnóstico nem sempre é fácil e imediato. Normalmente há necessidade de se efectuar um historial e uma avaliação detalhada da evolução do processo lesional, em conjunto com o exame clínico. Frequentemente há necessidade de se apreciar o gesto técnico e o desempenho perante os instrumentos desportivos.

Em complemento, a realização de um estudo radiológico estático ou funcional, bem como uma avaliação ecográfica, será necessária quase sempre. Excepcionalmente poderá ser indicada a efectivação de uma RM ou até mesmo de uma cintigrafia óssea.

Para tal, um médico especialista em traumatologia do desporto, será o profissional indicado, já que só ele tem a experiência adequada.

QUAL O TRATAMENTO PARA AS LESÕES DE SOBRECARGA ?

Apesar de estas lesões necessitarem ser tratadas por um especialista, é importante que o atleta tenha a noção de que para se tratar uma lesão deste tipo, a regra base deverá ser sempre esta: logo que surjam os primeiros sinais clínicos, a redução imediata na intensidade, na duração e na frequência da actividade desportiva, deverá ser a norma. De seguida deverá rever as normas e a técnica de treino com o seu treinador ou preparador físico. E para dissipar a sintomatologia álgica associada, apenas poderá utilizar a crioterapia ou o paracetamol e nunca um anti-inflamatório.

COMO PREVENIR AS LESÕES DE SOBRECARGA ?

Quanto à prevenção das lesões de sobrecarga, esta deve fundamentar-se sempre na adequada adaptação do atleta á sua modalidade e ou à sua posição na equipa. Este é sempre o primeiro procedimento a ter em conta, não só para possibilitar um bom desempenho, mas também para prevenir as lesões de sobrecarga mais frequentes. Para além disso e definitivamente, a prevenção deve apoiar-se num programa de treino bem estruturado para o atleta e no bom senso deste e do seu treinador no desenvolvimento do mesmo.

O treino “inteligente” desenhado para uma melhoria do fortalecimento e desempenho musculares, da flexibilidade e da proprioceptividade, deverá centrar-se num compromisso diário para os profissionais e de desenvolvimento regular para os amadores.

O chamado aquecimento e bem assim o arrefecimento, respectivamente antes e depois da actividade física, terá que ser sempre respeitado.


É importante o atleta “parar” para aprender a conhecer o seu corpo, de modo a não ter a tentação de ultrapassar as suas capacidades morfo-funcionais.

O adequado balanço hidro-electrolítico, com um programa estruturado de hidratação para os períodos de treino, de prova e repouso, é relevante para ajudar a minimizar o estabelecimento de lesões de sobrecarga.

Sempre que surgirem sinais de alarme, sinalizadores de uma eventual lesão, a suspensão imediata da actividade deverá ser a norma e a avaliação por um especialista a regra.

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