quinta-feira, 3 de dezembro de 2015

Aprimorar a técnica da remada

O remo é a forma mais eficaz de deslocaçao na água usando apenas o corpo como elemento propulsor. 


Ao longo anos, o remo como desporto mostra uma incessante busca de obter maiores velocidades de deslocaçao com menor esforço, seja através do uso de novos materiais, formatos de barcos e remos mais eficientes, novas formas de preparação física ou ainda novas técnicas.

É muito comum vermos nos clubes de remo, atletas empregando o máximo do seu esforço no aprimoramento físico e dirigentes empenhados em dispor do material mais moderno, enquanto o aspecto técnico é relegado a um plano secundário. 


O resultado pode ser muitas vezes termos remadores bem preparados do ponto de vista físico, remando com grande aplicação de energia em barcos velozes, mas de forma deficiente tecnicamente. 

Ou seja, são eficientes (remam com força e em alto ritmo), mas não eficazes (não obtém o deslocamento mais veloz do barco).

A literatura sobre o remo, outrora escassa e pouco acessível, começa a se tornar mais corrente, devido à massificaçao da internet e logo da sequente partilha de informaçao, permitindo aos que não são técnicos de remo mas que tem algum conhecimento prático tenham acesso a informações técnicas e de treino. 

IMPORTÂNCIA E BASES DA BOA TÉCNICA 

As regatas são vencidas incrementalmente, uma remada de cada vez.

A vitória resulta de uma soma de "pequenos efeitos". 

Numa prova de 2.000 m num shell 8+, uma equipa executa aproximadamente 200 remadas. Assim, em cada remada o barco avança 10 m. Supondo que uma equipa reme apenas 1% melhor que os adversários, em cada remada avançará 5 cm a mais do que as outras, o que resultará numa vantagem final de 10 metros.



Somente quando vemos um remador, remando com alta técnica é que o movimento da remada pode parecer fácil. 

Na verdade, a remada constitui-se de uma sequência de movimentos complexos que devem ser cuidadosamente orquestrados.

  • A boa técnica é de difícil aprendizagem e rápido esquecimento e quanto mais remamos com defeitos, mais difícil será a correção;
  • O barco é o mais eficiente treinador. É necessário senti-lo, focando toda a atenção a ele.

O segredo de uma boa técnica pode ser resumido em duas palavras: CONCENTRAÇÃO e RELAXAMENTO.

  • A consistência da remada vem da CONCENTRAÇÃO. O controle mental é muito importante para a qualidade técnica da remada. O barco responde aos movimentos do corpo e o corpo segue o que a mente determina. Se a mente oscila, o barco oscilará, mas se ela direciona aos movimentos, a concentração dirige o corpo e o barco, integrado nesta concentração toma a rota com mais silenciosa e rápida através da água (silenciosa no sentido de ausência de desperdício de movimento); 
  • ECONOMIA DE MOVIMENTO: para atingir o máximo de velocidade do barco, é necessário maximizar a aplicação horizontal de força durante a fase propulsiva da remada e minimizar o efeito do movimento de todos os elementos de uma equipa na ida à proa. Todos os movimentos desnecessários na remada ("ruídos") devem ser, assim, omitidos. Mais torna-se menos. Um remador rígido e tenso está desperdiçando energia física e mental e impedindo o barco de deslizar suavemente na ida à proa (recuperação). 
  • Enquanto a capacidade física tem limites, a economia de movimentos não os tem.  

A remada de qualidade é atingida quando a energia do remador é usada de forma eficiente e o barco trabalha a favor do deslocamento. O barco é muito mais eficiente quando se desloca na linha d'água para a qual foi projetado, com o menor movimento de inclinação possível. Para atingir este estado, é preciso remar conectado e remar silenciosamente:

  • REMAR "CONECTADO": os remos (e em particular as pás) conectam-se ao barco através do corpo do remador (ligando-se ao barco através do finca-pés, sendo as pernas o elemento de conexao principal). Para melhor conexão, deve-se remar leve no carrinho, elevando o corpo a partir dos cabos dos remos, colocando pressão sobre o finca-pés. Manter o peso sobre as forquetas durante toda a passada na água (dá para ter uma sensação clara disto remando com os pés fora das sapatilhas);
  • REMAR "SILENCIOSAMENTE": remar a pressão máxima dando a impressão de que está passeando (remar fácil). Fazer audível apenas a entrada e o sair do remo.  
A remada é um ciclo, no qual não deve haver rupturas de movimento que permitam dizer que uma sub-parte iniciou ou terminou. O objetivo é fazer um movimento homogêneo e contínuo que leve de um ponto a outro e de uma remada a outra, de forma absolutamente integrada, ou, para referir um termo já utilizado, de forma "conectada". 

Entrada na agua

Trabalho de pá: a pá deve estar totalmente armada antes de o remador estar na posição de entrada. 

Tudo o que ele terá a fazer é tirar o peso das mãos sobre as forquetas, fazendo com que os braços se elevem levemente. As pás estão em pé, o corpo está totalmente "comprimido" e os braços estão estendidos. Não é preciso levantar os braços efetivamente, o peso das pás irá colocar os remos na água na profundidade devida e de forma natural. 

Neste momento, as pás não precisam ser cobertas pela água, porque tão logo comece a puxar, as pás irão criar uma "parede de água". 

O remador permite que a entrada aconteça e não a força a acontecer;  


FASE PROPULSIVA (o remo dentro d'agua) 

Esta fase deve ser iniciada por uma forte aceleração da musculatura da perna.

As costas e a musculatura abdominal devem estar "apoiadas" para suportar a ligação que se forma entre as pás e as pernas. 

Se este apoio for frágil, o remador vai deixar "escapar o carrinho", com grande perda na propulsão do barco. 

À medida que as pernas são empurradas, os ombros começam a acelerar em direção à proa. Quando os ombros começam a atingir o final, os braços entram no movimento e puxam com intensidade os remos em direção ao corpo, buscando manter a aceleração das pás para o final. 

No final da remada, o corpo deve estar em uma posição relaxada mas reta, levemente inclinada para trás.

Final da remada

No remo de ponta, a extração da pá é feita pela mão de fora, com um movimento rápido para baixo até que a pá saia da água. 

O remo nunca deve tocar o corpo, porque isto causaria uma ruptura no fluxo da remada. 

O movimento de afastamento do remo para longe do corpo, ao contrário do que muitos pensam, deve ser feito na mesma velocidade da entrada. 

Movimentos mais rápidos irão apenas travar o barco. A aceleração é feita durante a entrada, do início para o final e não depois que a pá já saiu da água.



Observações importantes:

  • O objetivo maior do final é tirar a pá da água sem sacrificar o trabalho de deslocamento feito na entrada / ataque;
  • Arredondamento: o afastamento deve ser arredondado de forma que a pá não fique presa no final. O remador deve assegurar-se que está tirando o remo da água com a pá em pé; 
Sobre a técnica de remo,  ainda se nota algumas pequenas diferenças de opinioes sobre este tema, apenas, sendo o senso comum a tentativa de aprimorar a melhor técnica adaptada a um tipo de barco com o objetivo de minimizar as perdidas de deslocaçao da embarcaçao.

Aqui só os muitos quilometros feitos na agua, produzem um resultado desejado.

Lembrar também que quanto melhor fisicamente um atleta está, mais fácilmente obtem os desejados mecanismos que podem levar à melhor técnica de deslocaçao do barco.



 

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