O
remo é a forma mais eficaz de deslocaçao na água usando apenas o corpo como
elemento propulsor.
Ao longo anos, o remo como desporto mostra uma incessante
busca de obter maiores velocidades de deslocaçao com menor esforço, seja
através do uso de novos materiais, formatos de barcos e remos mais eficientes,
novas formas de preparação física ou ainda novas técnicas.
É
muito comum vermos nos clubes de remo, atletas empregando o máximo do seu
esforço no aprimoramento físico e dirigentes empenhados em
dispor do material mais moderno, enquanto o aspecto técnico é relegado a
um plano secundário.
O resultado pode ser muitas vezes termos remadores bem
preparados do ponto de vista físico, remando com grande aplicação de energia em
barcos velozes, mas de forma deficiente tecnicamente.
Ou seja, são eficientes
(remam com força e em alto ritmo), mas não eficazes (não obtém o deslocamento
mais veloz do barco).
A
literatura sobre o remo, outrora escassa e pouco acessível, começa a se tornar
mais corrente, devido à massificaçao da internet e logo da sequente partilha de informaçao, permitindo aos que não são
técnicos de remo mas que tem algum
conhecimento prático tenham acesso a informações técnicas e de treino.
IMPORTÂNCIA E BASES DA BOA TÉCNICA
As
regatas são vencidas incrementalmente,
uma remada de cada vez.
A vitória resulta de uma soma de "pequenos efeitos".
Numa prova de 2.000 m num shell 8+, uma equipa executa aproximadamente 200
remadas. Assim, em cada remada o barco avança 10 m. Supondo que uma equipa
reme apenas 1% melhor que os adversários, em cada
remada avançará 5 cm a mais do que as outras, o que
resultará numa vantagem final de 10 metros.
Somente
quando vemos um remador, remando com alta técnica é que o movimento da remada
pode parecer fácil.
Na verdade, a remada constitui-se de uma sequência de
movimentos complexos que devem ser cuidadosamente orquestrados.
- A boa técnica é de difícil aprendizagem e rápido esquecimento e quanto mais remamos com defeitos, mais difícil será a correção;
- O barco é o mais eficiente treinador. É necessário senti-lo, focando toda a atenção a ele.
O
segredo de uma boa técnica pode ser resumido em duas palavras: CONCENTRAÇÃO e
RELAXAMENTO.
- A consistência da remada vem da CONCENTRAÇÃO. O controle mental é muito importante para a qualidade técnica da remada. O barco responde aos movimentos do corpo e o corpo segue o que a mente determina. Se a mente oscila, o barco oscilará, mas se ela direciona aos movimentos, a concentração dirige o corpo e o barco, integrado nesta concentração toma a rota com mais silenciosa e rápida através da água (silenciosa no sentido de ausência de desperdício de movimento);
- ECONOMIA DE MOVIMENTO: para atingir o máximo de velocidade do barco, é necessário maximizar a aplicação horizontal de força durante a fase propulsiva da remada e minimizar o efeito do movimento de todos os elementos de uma equipa na ida à proa. Todos os movimentos desnecessários na remada ("ruídos") devem ser, assim, omitidos. Mais torna-se menos. Um remador rígido e tenso está desperdiçando energia física e mental e impedindo o barco de deslizar suavemente na ida à proa (recuperação).
- Enquanto a capacidade física tem limites, a economia de movimentos não os tem.
A
remada de qualidade é atingida quando a energia do remador é usada de forma
eficiente e o barco trabalha a favor do deslocamento. O barco é muito mais
eficiente quando se desloca na linha d'água para a
qual foi projetado, com o menor movimento de inclinação possível. Para atingir
este estado, é preciso remar conectado e remar silenciosamente:
- REMAR "CONECTADO": os remos (e em particular as pás) conectam-se ao barco através do corpo do remador (ligando-se ao barco através do finca-pés, sendo as pernas o elemento de conexao principal). Para melhor conexão, deve-se remar leve no carrinho, elevando o corpo a partir dos cabos dos remos, colocando pressão sobre o finca-pés. Manter o peso sobre as forquetas durante toda a passada na água (dá para ter uma sensação clara disto remando com os pés fora das sapatilhas);
- REMAR "SILENCIOSAMENTE": remar a pressão máxima dando a impressão de que está passeando (remar fácil). Fazer audível apenas a entrada e o sair do remo.
A
remada é um ciclo, no qual não deve haver rupturas de movimento que permitam
dizer que uma sub-parte iniciou ou terminou. O objetivo é fazer um movimento
homogêneo e contínuo que leve de um ponto
a outro e de uma remada a outra, de forma absolutamente integrada, ou, para
referir um termo já utilizado, de forma "conectada".
Entrada na agua
Trabalho de pá: a pá deve estar
totalmente armada antes de o remador estar na posição de entrada.
Tudo o que ele terá a fazer é tirar o peso das mãos sobre as forquetas,
fazendo com que os braços se elevem levemente. As pás estão em pé, o corpo
está totalmente "comprimido" e os braços estão estendidos. Não é
preciso levantar os braços efetivamente, o peso das pás irá colocar os remos na água na profundidade devida e de forma natural.
Neste momento, as pás não precisam ser cobertas pela água, porque tão logo
comece a puxar, as pás irão criar uma "parede de água".
O remador permite que a entrada aconteça e não a força a acontecer;
FASE PROPULSIVA (o remo dentro d'agua)
Esta
fase deve ser iniciada por uma forte aceleração da musculatura da perna.
As
costas e a musculatura abdominal devem estar "apoiadas" para suportar
a ligação que se forma entre as pás e as pernas.
Se este apoio for frágil, o
remador vai deixar "escapar o carrinho", com grande perda na propulsão do
barco.
À medida que as pernas são empurradas, os ombros começam a acelerar em
direção à proa. Quando os ombros começam a atingir o final, os braços entram no
movimento e puxam com intensidade os remos em direção ao corpo, buscando manter
a aceleração das pás para o final.
No final da remada, o corpo deve estar em uma
posição relaxada mas reta, levemente inclinada para trás.
Final da remada
No
remo de ponta, a extração da pá é feita pela mão de fora, com um movimento
rápido para baixo até que a pá saia da água.
O remo nunca deve tocar o
corpo, porque isto causaria uma ruptura no fluxo da remada.
O movimento de afastamento do remo para longe do corpo, ao
contrário do que muitos pensam, deve ser feito na mesma velocidade da entrada.
Movimentos mais rápidos irão
apenas travar o barco. A aceleração é feita durante a entrada, do início para o
final e não depois que a pá já saiu da água.
Observações
importantes:
- O objetivo maior do final é tirar a pá da água sem sacrificar o trabalho de deslocamento feito na entrada / ataque;
- Arredondamento: o afastamento deve ser arredondado de forma que a pá não fique presa no final. O remador deve assegurar-se que está tirando o remo da água com a pá em pé;
Sobre a técnica de remo, ainda se nota algumas pequenas diferenças de opinioes sobre este tema, apenas, sendo o senso comum a tentativa de aprimorar a melhor técnica adaptada a um tipo de barco com o objetivo de minimizar as perdidas de deslocaçao da embarcaçao.
Aqui só os muitos quilometros feitos na agua, produzem um resultado desejado.
Lembrar também que quanto melhor fisicamente um atleta está, mais fácilmente obtem os desejados mecanismos que podem levar à melhor técnica de deslocaçao do barco.
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