segunda-feira, 28 de dezembro de 2015

Sobre um pequeno pormenor do remo.....

 
"Vem para o remo e disfruta da natureza" 
 
 "É um desporto maravilhoso."  
 
"Junta te a nós e descobre uma disciplina de poder, desafio e diversão, graças ao qual vais superar os teus limites físicos e mentais"
 
"Conhece pessoas e visita lugares bonitos."
 
Tudo frases giras e apelativas, nao?

No entanto, a propaganda do remo é desonesta......
 
Limitada "apenas" para omitir alguns detalhes. Como por exemplo : a dor.
 
A intenção não é escondê-la, mas para que descubras por ti mesmo. 
 
 
O remo é um desporto duro e, como em qualquer outra disciplina, a coisa mais difícil de ensinar é a capacidade de sofrer, um pré-requisito para bons resultados.  
 
Mas todos sabemos isso.
 
O que as pessoas ignoram é que a dor é parte esmagadora do contrato que subscreve o remador com o desporto.  
É uma taxa fixa diária, imposta no treino. É a primeira coisa que devemos explicar.  
 
Depois de entender esse conceito, então, a principal pergunta a fazer é "quanto vai doer?".
  
E ainda, como responder "o que vou fazer, e como eu vou fazer isso, quando a dor tomar posse de todas as partes do meu corpo!!!!!!!!??????".
 
 
Na maratona, é dito que a parte mais difícil é a "parede" da marca de 30 km. Esse é o momento em que até mesmo o atleta mais bem preparado é susceptível de entrar em crise. 
 
No remo não é assim. Os remadores não tem que enfrentar uma parede, mas antes, um buraco negro.
 
Um certo abismo de dor, que se abre debaixo deles depois de dois minutos de jogo.  
 
O ácido lático começa a morder os músculos das pernas, dando-lhes a sensação de estar numa sessão de acupuntura realizada por alguém que não tem idéia do que está a fazer, e parece que o bíceps vai explodir a qualquer momento. 
 
E o pior é que a dor não é focada num ponto: é grátis e rebelde. Porque ninguém pode colocar num canto.   
 

Alguém disse uma vez que o remo é como ter uma mangueira de aspirador de pó preso na garganta, enquanto espirram ácido sulfúrico nas pernas. 
 
Essa dor é o divisor de águas que marca a diferença entre um remadorzinho e um atleta de topo. 
 
O primeiro pára no chegar da dificuldade, enquanto o segundo encontra a força para empurrar-se através deste sofrimento.
 
Winston Churchill disse uma certa vez: "Se estás atravessando o inferno...não pares" 
 
Provavelmente, ele foi um remador.
 

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