sexta-feira, 16 de janeiro de 2015

Riscos cardiacos em competiçao


Uma atitude proativa foi tomada pela FISA no intuito de reduzir o risco de problemas críticos de coração nos remadores, mas conhecido como Morte Cardiovascular Súbita no Esporte, em inglês, Sudden Cardiovascular Death in Sport (SCD)”

A FISA está introduzindo em etapas um "screening" (mapeamento) realizado antes das provas. Esse screening foi desenhado por especialistas para identificar da forma mais precisa possível os atletas que estejam sob o risco de uma ataque cardíaco. Em 2014 esse screening será aplicado a todos os atletas que participarão do Mundial de Juniors. Em 2015 será estendido para o mundial sub 23 e também no mundial sênior.

Esse screening é baseado em um protocolo do COI (Comitê Olímpico Internacional) cujos dados mostram que 90% das mortes súbitas não traumáticas estão relacionadas aos problemas pré-existentes no coração.

O diretor médico do COI, Richard Budgett, um remador campeão olímpico em 1984, elogiou a iniciativa da FISA e ressalta: “O COI publicou uma declaração de consenso de exames de saúdes periódicos em atletas de elite em 2009 como parte do seu grande comprometimento em proteger a saúde dos atletas. Veja o documento aqui

O inglês Greg Searle, medalhista olímpico, soube do seu problema cardíaco após realizar um screening quando ele participava de uma prova de triatlo na Itália no ano passado.  Greg Searle foi medalha de ouro em Barcelona em 1992 e retornou ao remo em 2010 competindo no oito em Londres 2012. O screening realizado na Itália mostrou que ele tinha fibrilação atrial uma condição que também afetou o remador Tom James quando treinava para competir em Londres.

O teste de Searle na esteira na Itália elevou o batimento cardíaco a 240 bpm! Ele foi impedido de participar do triatlo e recebeu um choque elétrico para colocar o coração no ritmo normal. Agora tudo está normal, mas os médicos o alertaram para evitar o consumo de álcool e também atividades físicas de resistência.
O pai de Greg Searle possui o mesmo problema cardíaco e o remédio receitado para o atleta foi o Warfarin, um afinador de sangue. Se ele não tivesse realizado o screening, a consequência poderia ter sido um derrame.

O Dr. Juergen Steinacker, cardiologista  membro da comissão de medicina esportiva da FISA, está preocupado com a condição cardíaca dos remadores. Recentemente, o campeão olímpico Nathan Cohen da Nova Zelândia, descobriu que ele tinha taquicardia supraventicular. O coração muda de repente o seu ritmo. Segundo o especialista, nesse caso o risco de morte é pequeno, mas a performance do atleta cai e ele sente um desconforto. Para Cohen, o diagnóstico significou o cancelamento da participação do atleta nas provas de remo em 2013. Cohen declarou na época: “É como se o oxigênio acabasse. Você perde potência, fica fraco. É como se você tivesse que arrastar alguma coisa embaixo do barco”.

O Dr. Steinacker acrescenta: “Quando um remador fica mais velho ele pode apresentar uma arritimia absoluta  (batida irregular do átrio por uma disfunção do modo sino), o que é diferente do problema do remador neozelandês. O risco é mais alto nos atletas do que na população em geral. Em geral os problemas de arritmia não tem um traço genético. Assim, é difícil dizer que os filhos desses atletas também terão o mesmo problema com o desenvolvimento do coração. A arritmia pode acontecer pela hipertrofia das paredes do coração. Isso ocorre quando a hipertensão arterial não é tratada ou por infeccções virais prévias.

O remador neozelandês, Rob Waddell, famoso por suas performances olímpicas, passou para o skiff depois de ter sido diagnosticado com problemas cardíacos (fibrilação arterial). Waddell não quis permanecer em um barco de equipe e deixar os seus parceiros na mão em função do seu problema de saúde. Ele acabou conquistando o ouro no skiff em Sydney 2000. No entanto, quando ele tentou voltar para o skiff em 2008 o seu coração não era mais o mesmo. Numa prova head-to-head contra Mahe Drysdale para decidir quem seria o representante da Nova Zelândia nos jogos de Pequim Waddell mal conseguiu cruzar a boia dos 2000m. Ele competiu em Pequim no double ficando na quarta posição e em 2009 foi obrigado a realizar uma cirurgia para corrigir o seu problema cardíaco.

Steinacker confirma que estudos mostram que o screening obrigatório na Itália reduziu os casos de SCD em 50%. “Na maioria dos casos você pode evitar a morte por SCD. Você não pode prevenir tudo, mas você pode prevenir a SCD”.

O Dr.Mike Wilkinson, também membro da comissão de medicina esportiva da FISA confirma que a maioria dos casos de problemas cardíacos são pré existentes. O problema mais comum é a cardiomiopatia hipertrófica. “Os atletas podem passar pela sua vida esportiva sem nunca saber sobre o seu problema cardíaco. Provavelmente ele saberá pela primeira quando sofrer um colapso”.

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