Treinar no Inverno para colher resultados na Primavera

No frio hemisfério norte e no quente hemisfério sul, os remadores de elite encontram os lugares ideais para seguir remando na pré-temporada

O treino durante as férias pode ser maçador. Não importa o quanto entusiasmado esteja o atleta. 

Todos gostariam de fugir da rotina dos longos treinos nesta época de inverno.

Em vários distintos lugares do mundo onde se pratica o remo, os treinos fora de temporada são influenciados pelo clima, ciclos de treinamentos  e as oportunidades locais .

Em dezembro, a equipe de elite de remo sul africano, incluindo os atuais campeões olímpicos no quatro-sem peso-ligeiro, viajaram para um local acima das nuvens em Lesotho para desfrutar dos benefícios da altitude. 

Na altitude de 2050m a represa Katse com 40 km de extensão faz parte do projeto de treino em altitudes mais elevadas. 

É o primeiro ano nesse local. Antes a seleção Sul Africana treinava em Bethlehem, na África do Sul.

Com uma paisagem de tirar o fôlego e com lagos intermináveis a represa Katse em Lesotho na Africa é considerado um dos locais perfeitos para a prática do remo 

Foi por acaso que o diretor de alta performance, Roger Barrow, encontrou esse local. “Eu estive em outra represa – Mohle - que fica a 2100m acima do nível do mar, mas era impossível acomodar os atletas. 
No caso de Katse, encontramos uma vila que foi usada por mineiros da região chamada Motebang Lodge e que fica a 37km da represa”.

Roger  ficou impressionado com o local. 

“É perfeito! É lindo com vastas montanhas e um amplo espaço que possibilita ao atleta remar sem preocupações. Podemos fazer o nosso treino completo na região. Remar na água e no ergômetro, circuito, corrida, fazer mountain bike e, o mais importante, temos também um excelente cozinheiro!”.

O que os atletas podem obter nas três semanas em um campo de treino que eles não poderiam obter na sua base em Roodepllat? 

Roger explica. “Existem três benefícios básicos.  O primeiro é o fato de podermos controlar o ambiente onde se encontram os atletas. Segundo, os remadores não ficam distraídos ou  preocupados na água e podem remar 100% focados no trabalho. 

Lesotho oferece temperaturas muito mais amenas que os 35º Celsius de Roodeplaat em dezembro. Terceiro, os remadores podem beber a água diretamente do lago da represa. Esse  é um local de pesca de trutas. Comemos muita truta nessas três semanas!

O campeão olímpico John Smith prepara-se para um treino na represa Katse

Enquanto os países do hemisfério sul querem evitar o calor, os do hemisfério norte estão procurando temperaturas mais altas...

A 150km de Lisboa está um local de treino que vem sendo muito utilizado nos últimos anos. 

Trata-se do centro de treinamento Avizaqcua em Avis que foi construído por um remador para remadores. 

Depois que uma contusão que o afastou das regatas, Luis Ahrens Teixeira vendeu o carro para construir o empreendimento dos seus sonhos. 

Esse local transformou-se numa segunda casa para alguns atletas como o campeão olímpico no skiff, o norueguês, Olaf Tufte e o sueco Lassi Karonen, que treinava ali antes do Hotel ficar pronto. 

As seleções da Noruega, Alemanha, Dinamarca, Inglaterra e Holanda já confimaram reservas até 2016.

Todos os anos realiza-se em Avis a já muito conhecido regata de longa distância, "The Head of the Cork" para barcos curtos.

As temperaturas em Avis no inverno são similares às de Sevilha no sul da Espanha. 

As manhãs podem ser frias com temperaturas próximas de zero graus Celsius, porém, ao longo do dia a temperatura sobe rápido. As condições de água são perfeitas com três áreas independentes para treinar (8km, 10km e 13km). 

A Federação Holandesa de Remo doou os cabos e as bóias para a instalação de pistas balizadas.

Rodeado pela natureza, o centro  de Avis não é um campo de treino tradicional. “Nós não consideramos isto como um campo de treino. O hotel é a nossa casa. O ginásio fica aberto 24 hs. 7 dias por semana, não há um horário fixo para as refeições o que dá flexibilidade às equipes. 

Temos as melhores condições possíveis de treino neste local”, confirma Luis Teixeira.

Vista aérea do centro de treinamento Avizaqcua em Avis, Portugal

A equipe masculina peso-ligeiro e a equipe feminina de Inglaterra viajaram para Maiorca deixando para trás não somente o inverno mas também os próprios barcos. 

Esta é a quarta vez que as equipas inglesas viajam para a Ilha para um treinamento com bicicletas. “Normalmente viemos para cá em Novembro ou Fevereiro, mas nessas férias viemos nos dois meses”, confirma o voga  do quatro-sem masculino, o inglês Chris Bartley. 

“Este tipo de treino dá-nos uma forte base aeróbica durante o inverno e sentimos que durante os anos que treinamos forte na bicicleta tivemos um desempenho excepcional nas regatas da Taça do Mundo.”

O período de 11 dias no campo permite ao grupo pedalar cerca de 1000km, sendo que o maior trecho é de 170km. 

Isso significa que ao longo dos anos os remadores ingleses se transformaram em ciclistas experientes.