Formato da pá de remo
Quando os remos eram feitos de madeira, quase todos os
técnicos tinham seu formato favorito e vários modelos diferentes
eram vendidos nas lojas de construção de barcos. Desde os anos 60, a pá é conhecida popularmente como Macon (ou
“standard”). Todos os construtores faziam seus remos com este tipo
de pá e as únicas diferenças eram na largura, comprimento, curvatura,
maior ou menor saliência da nervura central, mas o desenho e linhas
mestres eram baseados no conhecido “Estilo Macon”.
Em 1984, a Companhia Concept II Inc.
desenvolveu um novo tipo de pá, a
Delta. Comparada com a pá “standard”, a Delta é mais triangular e larga
na extremidade. Mulheres e equipes leves ou de pouca força decidiram
usá-la. As razões ou bases deste novo desenho eram as mudanças
na sensação de resistência de acordo com o ângulo da remada.
A
sensação é mais leve e branda no ataque, ficando mais pesada a partir da metade
da remada, igualando-se, então, a uma pá “standard”. Esta pá tem sido
proposta como melhor para ser utilizada
em barcos curtos ou lentos
(“skiff” e duplo “skiff”), e para barcos longos com guarnições fracas.
Em 1989, a Collard Ltd. desenvolveu uma pá de
largura superior ao seu
comprimento. Um dos argumentos ou bases fundamentais para justificar
o novo “design” era que, durante a fase de apoio, o movimento da pá era
mais lateral do que frontal. Além disso o ataque e a retirada seriam
mais “limpos”, de forma a exigir um menor esforço e aproveitamento por parte do remador. De toda maneira parece
que a idéia não
vingou e o projeto não seguiu adiante.
Em 1990, novamente a Concept II lançou no
mercado um novo tipo de
pá: a assimétrica. Seu manejo na retirada do remo da água e na recuperação
são semelhantes a uma pá “standard”. Na propulsão, a sensação
é intermediária entre a Delta e a “standard”.
Em 1991,
seguindo quase trinta anos de domínio do remo “standard”,
a Concept II apresentou, nos Estados Unidos, um novo modelo de
pá, o remo cutelo (ou remo de Dreissigacker), o qual possui formato
assimétrico similar a um cutelo. Em questão de um ano após
seu surgimento, quase todas as guarnições norte-americanas trocaram
os remos tradicionais pelo novo modelo, mesmo as mais conservadoras,
já que seus adversários as estavam vencendo nas competições.
Dreissigacker e Dreissigacker (1997) fazem uma
pequena cronologia
a respeito da mudança do “design” e construção dos remos.
Em 1986
foi introduzida a empunhadura construída de material ultraleve (fibra de
carbono), com o intuito de diminuir o peso total do equipamento.
Em 1988, surgiu a nova proteção tubular no cabo do remo.
A
empunhadura de alumínio para remos duplos foi desenvolvida em 1991 e,
em novembro do mesmo ano, surgiram os remos em forma de cutelo.
Recentemente, em janeiro de 1996, foram introduzidas as empunhaduras
de compósito, as quais podem ter seu comprimento ajustado
e fixado.
A aparição de
novos materiais, como os
compostos de fibra de carbono, tornou possível a construção de pás com
formas extremamente complexas. Como já é freqüente na história
do desenvolvimento da técnica, no ano anterior aos Jogos Olímpicos
de 1992 em Barcelona, surgiram vários novos tipos de pás, desenvolvidas
totalmente independentes umas das outras: na Inglaterra, pela
Universidade de Bristol, nos Estados Unidos, pela Concept II, e na Alemanha, pela F.E.S. Berlin
Company.
(a) não houveram dificuldades de adaptação às novas pás, como era esperado para o ataque e retirada do remo da água e não ocorreu arrasto maior de água ao final da remada, do que com remos convencionais;
(b) o progresso, indicado pela
melhora nos tempos dos 2000 metros em competições, foi evidente, sobretudo
com remadores jovens cuja prática está baseada na força (e nem tanto
na técnica);
(c) remadores mais experientes e com maior qualidade
técnica precisaram de um tempo maior de adaptação, mas também obtiveram melhoras em seus
tempos.
O
REMO “STANDARD”
Este tipo de remo também é conhecido como remo
simétrico, tradicional
ou Macon. Pode ser construído de madeira e/ou fibra de
carbono. É constituído das seguintes partes: alavanca interna, alavanca
externa, cabo (empunhadura), anel, manchete, haste e pá. Os eu comprimento total, para barcos “skiff”, pode variar de 296 a 302cm.
O REMO CUTELO
Também conhecido por remo assimétrico ou remo
de Dreissigacker.
É construído de fibra de carbono. Tem as mesmas partes componentes do remo “standard”, porém, apresenta um desenho de pá diferenciado. Seu comprimento total para barcos “skiff”, pode variar de 285-295cm.
É construído de fibra de carbono. Tem as mesmas partes componentes do remo “standard”, porém, apresenta um desenho de pá diferenciado. Seu comprimento total para barcos “skiff”, pode variar de 285-295cm.
A pá tipo cutelo
Na primavera de 1991, nos Estados Unidos, os
irmãos Dreissigacker,
da Concept II, tomaram ciência de um novo projeto de desenho
da pá, conduzido pela Durham Boat Company (também dos Estados
Unidos) e de vários outros projetos de fabricantes europeus. No Campeonato
Mundial de 1991, vários times da Inglaterra utilizaram remos com
pá assimétrica fabricados pela companhia inglesa Hi-Lock.
Terminada
a regata, os irmãos decidiram que, se um novo modelo de pá seria
introduzido no mercado, que fosse o deles. Eles começaram a buscar
formas com maior potencial de aplicação de força. Assim, experimentaram
um formato de pá assimétrica e chegaram à conclusão de que,
simultaneamente encurtando a alavanca externa do cabo de 6 a 10 cm e
aumentando a área da pá de 15% a 17%, efetivamente iria ocorrer
um aumento na velocidade do barco.
No final
de 1991, a Concept II doou alguns pares de remo para “skiff”
para a Dartmouth College e vários atletas os utilizaram na “Head of the
Charles Regatta”, a maior competição de remo de um dia de duração
do mundo. A equipe de Dartmouth remou o quatro com, mas não
terminou a prova, pois bateu em uma ponte no exato instante em que um
anunciante comentava sobre o estilo peculiar apresentado pela guarnição
que fazia uso das pás cutelo. Apesar do infortúnio,
os remos cutelo
foram apresentados à comunidade.
A Concept II continuou a campanha de
lançamento dos remos cutelo
mandando amostras de remos à equipes de várias universidades em
Boston. A maioria dos técnicos foi relutante em experimentar o novo formato
pois este era notavelmente diferente dos remos “standard”. Além disso não
havia acesso a instrumentos de medida precisos que pudesse comprovar
a superioridade do remo cutelo. O lançamento oficial
destes remos
aconteceu em dezembro de 1991 na Convenção Norte-Americana de Remo,
em Seattle. Poucas pessoas na comunidade do remo deram importância
a este acontecimento.
Os remos cutelo retornaram no primeiro
trimestre de 1992, pelo “Efeito
Dartmouth”.
A Dartmouth College teve sua temporada de treino antecipada,
devido ao degelo dos lagos de New Hampshire, e acabaram obtendo
excelentes resultados nos circuitos de regatas universitárias. A Concept
II, a cada segunda-feira, recebia mais ligações de técnicos encomendando
remos cutelo para as competições dos próximos fins-de-semana.
Aqueles treinadores mais conservadores rapidamente mudaram de
opinião em virtude das derrotas sofridas por guarnições que já estavam
usando as novas pás. Em maio de 1992, na Regata de Eastern Springs,
o maior evento da região, a quase totalidade das equipes estava utilizando
remos cutelo. Nos Jogos Olímpicos de Barcelona de 1992, metade
das equipes estava equipada com o novo modelo, o qual acabou sendo
difundido para o resto do mundo.
Em questão de um ano, o remo cutelo acabou
dominando o mercado.
No Campeonato Mundial de 1993, 63 das 69 medalhas, (incluindo
todas as medalhas de ouro, em um total de 23) foram ganhas pelas
guarnições que usaram pás da Concept II.
Conceito da pá de cutelo: suponha-se que seja encurtada a alavanca externa do remo e
seja mantida a alavanca interna. Como conseqüência, haverá uma carga
mais leve no cabo do remo. A partir disto, serão incrementadas
as dimensões da pá até atingir a mesma carga no cabo que havia
antes de cortar a alavanca externa.
Esta “maior força” resultante na pá deverá
mover a embarcação mais
velozmente. A menor velocidade da pá significa menos deslocamento
desta na água. Em outras palavras, mais trabalho é aproveitado
pelo barco e menos trabalho se dispersa na água; logo, tem-se uma
remada mais eficiente, pelo menos, teoricamente.
Após vários testes iniciais, desenvolveu-se
uma pá com a qual se buscou:
(a) maximizar a largura sem dificultar sua empunhadura e manejo;
(b) encurtar seu comprimento perdendo a mínima área possível;
(b) encurtar seu comprimento perdendo a mínima área possível;
(c)
maximizar a área dentro da largura e comprimento definidos.
A partir do modelo experimental tentou-se:
(a)
individualizar a medida
mais larga da pá e de alavanca externa mais curta possíveis;
(b) efetuar
testes na água mudando as medidas da pá e alavanca externa, até atingir a
mesma carga no cabo do remo que com o remo “standard” (sem modificar
o eixo nem a alavanca interna do remo);
(c) efetuar séries cronometradas
alternando os protótipos com as pás clássicas.
Assim se assistiu à implementaçao do tipo de pá usado hoje em dia.
Retirado de : ESTUDO COMPARATIVO DO RENDIMENTO DE DOIS TIPOS DE PÁS DE REMO E DA TÉCNICA DA REMADA EM BARCO “SKIFF”
Retirado de : ESTUDO COMPARATIVO DO RENDIMENTO DE DOIS TIPOS DE PÁS DE REMO E DA TÉCNICA DA REMADA EM BARCO “SKIFF”
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