sexta-feira, 28 de novembro de 2014

Armaçao do barco / Sequencia das aranhas / Tipo de formaçao


"Momentos" no quatro e no oito


Um cosmologista John Barrow da Universidade de Cambridge, que tem como hobby simplificar a matemática para os leigos, provou que a tradicional distribuição das braçadeiras (aranhas) no shell no quatro e no shell oito pode muitas vezes não ser a ideal para o melhor rendimento do barco.



Montar as aranhas  num quatro ou oito na forma intercalada tradicional não ajuda o barco a andar numa linha reta. Essa é a conclusão do professor de Cambridge John D. Barrow.

No estudo sobre o posicionamento dos remadores no barco, Barrow utiliza cálculos matemáticos para determinar a melhor distribuição das aranhas em um quatro-sem e extrapola o estudo para o oito.



Inicialmente, Barrow mostra que a distribuição tradicional das aranhas de forma intercalada gera uma oscilação considerando que todos os remadores façam a mesma força.



Barrow estudou novas alternativas de distribuição das aranhas para evitar essa oscilação onde o barco tende para os lados buscando assim um "momento-zero".

Basicamente, segundo ele, a oscilação acontece porque nos dois momentos da remada, a pegada e a ida à proa, a força líquida não é a mesma. Barrow procurou determinar uma distribuição das aranhas onde essas forças tranversais se anulassem mutuamente.

A figura abaixo mostra as três opções possíveis de montagem das aranhas em um quatro-sem e apenas uma, a conhecida formação "Moto Guzzi" (na figura é a opção c), proporciona o momento-zero. Essa formação foi utilizada pela primeira vez pelo quatro-com italiano campeão olímpico nos jogos olímpicos de 1956 em Melbourne.

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Ao extrapolar os cálculos para o oito Barrow encontrou quatro alternativas com momento-zero. Para a surpresa de todos, duas dessas opções nunca foram testadas na água.
Na figura abaixo estão as quatro opções. A opção b é conhecida como a "Configuração Alemã". A opção c é a "Configuração Italiana" As opções a e d são totalmente novas.

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Barrow gasta o seu tempo livre estudando a aplicação da matemática no desporto. Ele esclarece que nunca remou. Esse estudo faz parte de um projeto educacional chamado de Projeto Matemático Millennium. Barrow também participa do projeto London 2012 Inspire voltado para os próximos jogos olímpicos e seguintes.



A resposta do mundo do remo aos estudos de Barrow superou as expectativas. O Dr. Valery Kleshnev ampliou as teorias de Barrow e confirmou os resultados no estudo apresentado na edição de novembro de 2009 da revista Rowing Biomechanics (ver link abaixo).

Barrow pretende ampliar seus testes colocando modelos em escala de barcos a remo em tanques para avaliar as melhores opções de armações das braçadeiras. Ele deverá também iniciar estudos envolvendo a canoagem. Barrow não pretende revolucionar o mundo da regulagem dos barcos a remo, mas está curioso para ver os resultados nos jogos de Londres 2012.

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