NOTAS SOBRE COMPETIÇÃO
O remador aumentará sua chance de sucesso em competições se tiver fixado suas metas, planejado de forma efetiva e executado seu treinamento de forma consciente. Não há atalhos.
Para fixar uma estratégia de competição são levados em conta as características psicológicas, mentais e técnicas do(s) remadores, bem como as circunstâncias da competição. Observe-se que diferentemente de outros esportes, nas regatas os atletas iniciam a prova na linha de largada com um sprint. A estratégia largar forte - baixar para percurso - levantar no final é psicológica e fisiologicamente irracional, mas, devido à natureza das regatas, parece ser o método mais utilizado. Seguem as principais táticas de competição utilizadas:
- Tática Ofensiva: se adapta melhor guarnições agressivas e com boa largada. Nesta tática, é dada uma largada rápida de mais ou menos 40 remadas, o que deve produzir uma liderança segura. Baixa-se então para ritmo de percurso econtrola-se eventuais levantadas dos adversários. É uma tática que dá confiança se o plano dá certo, mas pode ser perigosa se um adversário também usá-la ou se o sprint inicial levar a um desgaste excessivo;
- Tática Defensiva: se ajusta bem para guarnições mais lentas mas mais estáveis. A guarnição põe esforço máximo no meio da prova, especialmente dos 800 aos 1.500 metros. Este movimento tende a derrubar guarnições ofensivas, que neste ponto já acumulam desgaste;
- Sprint Final: rema-se 1.500 metros em ritmo tal para que a guarnição não perca contato com os líderes e inicia-se um sprint forte nos últimos 500 metros. Esta tática
tende a surpreender os adversários e fazer com que eles prestem mais atenção na guarnição que fez o sprint do que em si própria;
- Parcelas Iguais: rema-se cada parcela de 500 metros da prova em tempos iguais. A guarnição pode até não vencer mas terá feito o tempo mais baixo possível. Esta é a tática mais inteligente, lógica e bem sucedida mas também a mais difícil de executar. Parte do princípio que o fator mais importante para vencer uma regata é velocidade sobre a distância. Karl Adam, famoso treinador alemão, advogava que este tática é a que dá maior velocidade a um determinado esforço em função da lei dos retornos decrescentes (quanto mais rápido o barco se desloca, maior a resistência). Além disso, altas taxas de ácido lático são produzidas para um pequeno aumento de velocidade. Peter Karpinnen, singlista finlandês três vezes campeão olímpico, é um bom exemplo da efetividade desta tática. Observe-se no entanto que é preciso estar muito bem preparado psicologicamente para sustentar esta tática quando os adversários disparam à frente. Assim, esta tática se adequa bem àquela guarnição que sabe que é a mais rápida entre as adversárias (ou pelo menos está bem próximo da mais rápida).
Observe-se que tendo uma estratégia básica em mente, talvez seja necessário adaptá-la às circunstâncias: características dos adversários, se há vento de ré, de lado ou de proa (neste último caso pode ser prudente remar com voga duas remadas mais baixa), seu estado geral na hora da competição.
- Antes da prova: deve-se verificar todos os detalhes (confirmar inscrição e baliza, verificar barco, remos e equipamentos), cuidar o andamento das provas precedentes, o horário e buscar alta concentração, elaborando mentalmente todos os detalhes da prova;
- Aquecimento: finalize o aquecimento que você costuma fazer em terra de modo a ir para a água 30 minutos antes da prova. É normal sentir-se cansado ou fraco conforme após afastar-se da rampa: é conseqüência da adrenalina que começa a circular. Planeje seu aquecimento na água de forma a estar na partida tão logo o finalize, de modo a estar um pouco ofegante na hora da saída;
- Largada: as coisas acontecem muito rapidamente na largada; por isso, assegure-se de ter feito todos os passos preparativos antes. A largada é uma parte crucial da prova: a guarnição deve dar o tom para o resto da prova, remando de forma relaxada, suave mas muito potente. Durante as primeiras remadas, cada remador deve assegurar-se de estar empurrando firmemente as pedaleiras e puxando os remos na altura correta. Os remadores não devem olhar para os lados: o posicionamento com relação aos outros barcos ainda não fazem diferença. O número de remadas em voga de largada pode variar bastante (de 10 à 40), tendo maior importância a qualidade destas remadas. Não fique alarmado se você se sentir péssimo boa parte dos primeiros 500 metros. No primeiro minuto toda energia consumida será produzida pelo sistema anaeróbico e você sentirá os efeitos;
- Transição: a transição do ritmo alto da largada para o ritmo de percurso é uma das partes mais importantes da prova. Se for executada com qualidade, haverá apenas uma pequena perda de velocidade na transição da voga alta para uma voga mais baixa e eficiente. Na transição você tem a chance de relaxar, tomar um ritmo, concentrar-se em sua remada e, talvez, verificar sua posição na prova. A tendência natural da transição é fazê-la de forma gradativa, em várias remadas. Mas a transição em apenas uma remada é mais interessante. Faz-se a largada e determina-se uma remada como de transição. Quando ela
chegar, simplesmente diminui-se a velocidade do carro, mantendo a mesma velocidade no afastamento, a mesma intensidade na puxada e o mesmo trabalho de pá;
- Segunda Parcela de 500 metros: se você ainda não conseguiu relaxar, nesta parcela está sua última chance. Nada de muito significativo tende a acontecer nesta parte da prova. As guarnições guardam energias para a próxima parcela;
- Terceira Parcela de 500 metros: aqui você começa a se sentir realmente cansado (se isto não acontecer, é sinal de que você não remou forte o suficiente). A maioria das provas são ganhas ou perdidas nesta parte. Muitas guarnições fazem seus movimentos táticos aqui. Se você decidiu forçar nesta parte, faça um esforço consistente que o faça tomar vantagem consistente sobre os adversários. Caso contrário terá acumulado um débito de oxigênio, o que será percebido por seus adversários;
- Quarta Parcela de 500 metros: em algum ponto dos últimos 500 metros, você se verá diante da decisão de fazer ou não e quando fazer um sprint. A resposta mais
fácil é apenas fazer uma levantada se há real necessidade e de só fazer se você conseguir manter o sprint até a linha de chegada. Se você está na liderança, não faça um sprint: fazê-lo apenas aumentará a chance de você cometer um erro que pode ser fatal. Observe que muitas guarnições diminuem a velocidade com uma levantada, porque correm de carro, degradam a técnica e encurtam a remada. Para evitar isto, a guarnição deve relaxar e se concentrar na técnica antes da levantada e, então, começar a afastar mais rápido. Outra maneira é concentrar-se em aumentar a potência da puxada.
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